Chelsea Clinton não disse que “é hora de forçar a vacinação” de crianças nos Estados Unidos

Chelsea Clinton, filha do ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton, apoia os esforços para ampliar a vacinação infantil nos países em desenvolvimento. Porém, um site alega que a empresária quer impor a imunização obrigatória com vacina de RNA mensageiro (mRNA) entre a população infantil e que ela teria anunciado isso no evento Brainstorm Health, em abril de 2023. Mas Clinton não fez tal afirmação, como evidencia o registo da sua participação na reunião.

“Os Eugenistas vem com toda a força para o golpe final. Chelsea Clinton declarou que as crianças não vacinadas na América devem ser forçadas a tomar a vacina de mRNA com ou sem o consentimento dos pais”, diz a legenda de uma das publicações compartilhadas centenas de vezes no Facebook, no Instagram, no Kwai, no Twitter e no Telegram desde 7 de maio de 2023.

A afirmação também circula em espanhol e em inglês.

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Captura de tela feita em 17 de maio de 2023 de uma publicação no Twitter ( .)

Acompanhando a suposta alegação de Clinton, alguns usuários compartilham um artigo intitulado “É hora de forçar a vacinação de todas as crianças não vacinadas na América”, em tradução livre para o português, do site The People's Voice.

A página em questão é um relançamento do News Punch, um blog dedicado à desinformação que foi verificado várias vezes pela AFP (1, 2, 3). O News Punch, por sua vez, foi um relançamento do site Your Wire News.

O texto diz que Clinton, por meio da Clinton Health Access Initiative (CHAI, na sigla em inglês), juntamente com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Fundação Bill e Melinda Gates, “espera forçar a vacinação de crianças não vacinadas por meio de uma nova iniciativa chamada ‘The Big Catch-Up’”. Como “evidência” dessa intenção, o artigo cita a participação de Clinton na conferência Fortune Brainstorm Health, em 25 de abril de 2023.

No entanto, no evento ela não fez nenhuma referência à vacinação forçada ou às imunizações por mRNA, como pode ser visto no vídeo da transmissão de seu discurso.

Em vez disso, ele apoiou o plano “The Big Catch-Up”, ou “A Grande Recuperação”, da OMS para “elevar os níveis de vacinação das crianças”, pois os níveis essenciais de imunização foram reduzidos em mais de 100 países após a pandemia de covid-19.

As vacinas de mRNA da Pfizer e da Moderna se tornaram alvo de desinformação global durante a pandemia de covid-19, antes mesmo de serem distribuídas. O AFP Checamos já verificou diversas alegações falsas ou enganosas sobre esses imunizantes (1, 2, 3).

Referências

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