“Notícia” sobre a prisão do vice-presidente da Pfizer em maio de 2022 é nota de site humorístico

Publicações compartilhadas centenas de vezes e em múltiplos idiomas desde 7 de maio de 2022 afirmam que o vice-presidente executivo da Pfizer, Rady Johnson, foi preso e acusado de fraude. Mas o artigo que deu origem à alegação foi publicado por um site humorístico do Canadá. À AFP, um representante da Pfizer disse que a versão é falsa e "ridícula".

“Um jornal canadense informa que o vice-presidente da farmacêutica Pfizer foi preso, como resultado das provas emanadas da última bateria de documentos desclassificados, que comprovam que esta empresa escondeu do mundo os efeitos letais de sua vacina”, diz uma das publicações no Facebook (1, 2, 3), acompanhadas pelo link de um artigo do site Vancouver Times.

Conteúdo semelhante também circula no Twitter (1, 2) e em mensagens em espanhol e inglês.

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Captura de tela feita em 19 de maio de 2022 de uma publicação no Facebook ( . / )

O artigo e as publicações circulam em meio a uma série de alegações falsas e enganosas (1, 2) sobre a segurança e eficácia da vacina contra a covid-19 desenvolvida pela Pfizer-BioNTech, após a agência de Medicamentos e Alimentos dos Estados Unidos (FDA) ter divulgado documentos sobre o imunizante, atendendo a uma solicitação via Lei de Liberdade de Informação .

De acordo com o artigo publicado no Vancouver Times, Rady Johnson, diretor de Compliance, Qualidade e Risco, além de vice-presidente executivo da Pfizer, teria sido detido por agentes federais após a divulgação desses documentos.

No entanto, a seção "Sobre nós" do site Vancouver Times mostra que a página publica artigos humorísticos: “Vancouver Times é a fonte mais confiável de sátira na Costa Oeste. Escrevemos histórias satíricas sobre questões que afetam os conservadores”.

De fato, a alegação envolvendo Johnson é classificada como "sátira" e tem um aviso no final que diz: "Este é um texto humorístico. As autoridades de saúde do Canadá consideram as vacinas seguras e eficazes".

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Captura de tela do site do Vancouver Times feita em 13 de maio de 2022 ( . / )

Uma busca por palavra-chave no site humorístico leva a outros textos satíricos com teor semelhante envolvendo o nome da farmacêutica.

À AFP, a empresa negou que Johnson tenha sido preso. Uma porta-voz chamou a alegação de "absolutamente falsa" e "ridícula".

A equipe de verificação da AFP também contatou a polícia local em Westport, Connecticut, onde Johnson reside, de acordo com sua biografia no site da Pfizer. Um porta-voz da instituição afirmou: "Não temos informações sobre esse assunto".

Além do artigo do Vancouver Times e de outros sites que reproduzem o conteúdo da página canadense, a AFP não encontrou relatos sobre a suposta prisão do funcionário em outros veículos de comunicação.

Não é a primeira vez que circulam artigos anunciando a prisão de uma figura pública. A AFP já verificou a suposta prisão do imunologista americano Anthony Fauci e do CEO da Disney, Bob Chapek.

19 de maio de 2022 Atualiza metadados

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