O CEO da Pfizer não renunciou e as vacinas de RNA mensageiro mostraram ser seguras
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- Publicado em 22 de dezembro de 2022 às 20:11
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- Por AFP Estados Unidos, AFP Uruguai, AFP Brasil
- Tradução e adaptação Manuela SILVA
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“O CEO da Pfizer, Albert Burla, está deixando o cargo e agora diz que a tecnologia de mRNA não foi suficientemente comprovada quando eles lançaram… Ele diz que eles o convenceram, mas ele não tinha certeza. Ele admite que não é seguro”, diz a legenda de uma das publicações compartilhadas no Twitter e no Facebook.
Conteúdo semelhante também circula em espanhol, inglês e francês.
As alegações circulam junto a um vídeo em que Bourla comenta sobre como foi convencido sobre o potencial da tecnologia de vacina de mRNA para a produção de um imunizante contra a covid-19. O trecho viral foi extraído de uma entrevista concedida ao jornal Washington Post em 10 de março de 2022 e cuja transcrição completa, em inglês, pode ser acessada aqui.
“Fiquei surpreso quando sugeriram que esse era o caminho a seguir e questionei”, disse Bourla, referindo-se ao uso da tecnologia de mRNA para criar uma vacina contra a covid-19. “E eu pedi a eles que justificassem como poderiam dizer algo assim, mas vieram e estavam muito, muito convencidos de que esse era o caminho certo a seguir”, continuou.
E acrescentou: “Consideraram que os dois anos trabalhando no mRNA desde 2018 junto com a BioNTech para desenvolver a vacina contra a gripe os fizeram pensar que a tecnologia estava madura e que estávamos prestes a entregar um produto”.
Mas o CEO, que repetidamente foi alvo de desinformação (1, 2), não faz alusão à sua renúncia e tampouco afirma que as vacinas de mRNA são perigosas.
“Albert Bourla continua atuando como presidente e CEO da Pfizer. Qualquer afirmação contrária é falsa”, disse à AFP uma porta-voz da empresa em 13 de dezembro de 2022, acrescentando que a vacina contra a covid-19 “segue sendo segura e eficaz para proteção contra a doença grave e a hospitalização”.
Como a tecnologia de mRNA difere da de vacinas tradicionais, ela tem sido alvo de desinformação desde que a agência de Medicamentos e Alimentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) autorizou o uso emergencial do imunizante em dezembro de 2020.
Ao invés de aplicar formas enfraquecidas ou mortas do coronavírus para criar uma resposta imune, as vacinas de mRNA da Pfizer/BioNTech e da Moderna instruem as células a sintetizar a proteína “spike” do vírus. O sistema imunológico reconhecerá essa proteína como “estranha”, preparando-se para atacar o patógeno em caso de contágio.
Médicos e autoridades de saúde pública em todo o mundo afirmam que as vacinas de mRNA, que foram testadas em ensaios clínicos, são seguras.
No site do hospital norte-americano Johns Hopkins Medicine lê-se que os imunizantes da Pfizer e da Moderna “são seguros e muito bons para prevenir casos graves ou fatais da covid-19” e que “o risco de efeitos colaterais graves associados a essas vacinas é muito pequeno."
Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês) recomendam a vacinação contra a covid-19 para todas as pessoas com mais de seis meses e doses de reforço para pessoas com mais de cinco anos, se elegíveis.
O AFP Checamos já verificou outras alegações sobre as vacinas contra a covid-19.