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Máscaras de proteção de lenço umedecido não são recomendadas contra o novo coronavírus
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- Publicado em 3 de abril de 2020 às 21:54
- Atualizado em 2 de setembro de 2020 às 17:50
- 4 minutos de leitura
- Por AFP Estados Unidos, AFP Brasil, Manon JACOB,
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“Máscara de lenço umedecido”, “Curitiba NÃO EXISTE MAIS MASCARA PRA VENDER, sério? Eu fiz a minha, lenço umedecido, lavei tirei o produto... deixei secar no sol e costurei os elásticos. Quem quer dá um jeito, quem não quer dá desculpas. Sou brasileiraaaa [sic]”, “Máscara feita com lenço umedecido”, “Como fazer uma máscara de proteção usando lenço umedecido e uma tesoura”, são apenas algumas das várias publicações encontradas no Facebook (1, 2, 3), Twitter, e YouTube (1), que também ensinam como fazer as máscaras.
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Os tutoriais encontrados são os mais variados, mas todos parecem se basear em um vídeo no qual uma mulher, que fala indonésio, mas cuja legenda indica que a dica “veio da China”, ensina a cortar um lenço umedecido para transformá-lo em uma máscara que protege a boca e o nariz.
O mesmo vídeo circulou em inglês com o objetivo de ensinar a fazer máscaras.
“Se você não estiver seguro, faça duas camadas. Se as máscaras não estiverem disponíveis, apenas use uma. Não se preocupe”, diz a mulher no vídeo, de acordo com a tradução feita pela equipe da AFP em Jacarta.
A AFP identificou o produto usado no vídeo em questão como o lenço umedecido para bebês da marca PZ Cussons.
A companhia assinalou em uma declaração enviada por e-mail que “os lenços umedecidos Cussons são feitos apenas para a limpeza da pele, não para serem usados como máscara facial. Todos os nossos produtos devem ser utilizados somente como é indicado na embalagem. Recomendamos que os consumidores sigam as instruções da Organização Mundial da Saúde e dos governos para se prevenirem de infecções”.
O Ministério da Saúde brasileiro informou por e-mail ao AFP Checamos que “a máscara é uma barreira física e pode ser feita de pano por quem não tem outra alternativa. Dessa forma, muitas iniciativas pelo país estão surgindo como forma de garantir o abastecimento emergencial”, mas não se pronunciou sobre a adaptação de lenços umedecidos como máscaras.
A assessoria de imprensa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por sua vez, indicou à AFP que não tem “orientações sobre esse tipo de máscara”.
O diretor do Instituto de Pesquisa Aplicada em Saúde na Universidade de Birmingham, na Inglaterra, KK Cheng, alertou que “a coisa mais importante é que ‘não se coloque em situações de perigo’”. O professor enfatizou a importância do “distanciamento social”, de “ficar em casa” e de “lavar as mãos” como forma de se proteger do novo coronavírus.
“Não tenho conhecimento de qualquer prova a favor, ou contra, o uso. Certamente não é impossível que possa causar danos através da compensação de riscos (as pessoas se sentem protegidas e, por isso, são menos adeptas às medidas de distanciamento social)”, ponderou o professor de Epidemiologia Ben Cooper, da Unidade de Pesquisa de Medicina Tropical Mahidol-Oxford em Bangcoc, na Tailândia.
Cooper assinala que as pessoas devem seguir as recomendações da OMS sobre quando e como usar a máscara de proteção contra o vírus.
Em e-mail ao AFP Checamos, a Organização Pan-Americana da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) recomendam “que as máscaras cirúrgicas sejam usadas por pessoas com sintomas respiratórios, profissionais de saúde e pessoas que prestam atendimento a indivíduos com sintomas respiratórios”. Além disso, “o uso de máscaras não é necessário para pessoas que não apresentem sintomas respiratórios”.
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As organizações assinalaram que não há uma “orientação global para produção e uso de máscaras caseiras. Mas os países e autoridades subnacionais podem ter recomendações específicas, segundo seus contextos e cenários específicos”.
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos concorda que as pessoas que não estão doentes não precisam usar máscara, a menos que estejam cuidando de alguém que está doente: “máscaras faciais estão em falta e devem ser guardadas para cuidadores”, afirma o CDC.
Em locais onde não há mais máscaras faciais, os profissionais de saúde podem utilizar alternativas, como bandanas, ou lenços, “para cuidar de pacientes com a COVID-19 como último recurso”, recomenda o CDC.
“Não consigo pensar em muitas situações em que as pessoas estejam tão desesperadas para transformar lenços umedecidos em máscaras faciais”, afirmou o professor da Universidade de Birmingham.
Em resumo, autoridades de Saúde do Brasil e internacionais não têm entre as suas recomendações o uso de lenços umedecidos como máscara para se proteger do coronavírus. Além de indicarem o uso de máscaras apenas para pessoas que lidam diretamente com infectados pelo coronavírus, estas instituições recomendam como alternativa a adaptação de panos para a criação de uma barreira física ao contágio. O distanciamento social e a higiene das mãos ainda é a melhor forma para se proteger da doença.
O AFP Checamos tem verificado uma série de desinformações sobre o coronavírus conforme surgem mais casos ao redor do mundo. Você pode conferir as checagens aqui.