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Vídeos de Nikolas Ferreira são alterados para promover golpes sobre “indenização de dados vazados”
- Publicado em 27 de fevereiro de 2025 às 14:42
- 3 minutos de leitura
- Por AFP Brasil
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“Hoje mesmo nossa bancada confirmou que o benefício para indenizar quem teve seus dados vazados já está ativo a partir de hoje. Se você ainda não sabe, é possível receber até R$ 30 mil de indenização. Mas, atenção, você precisa consultar se seu CPF está na lista de dados vazados”, ouve-se no vídeo que acompanha uma das publicações compartilhadas no Facebook.
Gravações com alegações similares circulam em outras duas versões que encaminham os usuários de redes sociais a uma suposta indenização do governo por dados vazados.
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Contudo, as sequências foram manipuladas para divulgar uma iniciativa falsa que apresenta riscos financeiros. Alegações similares já foram desmentidas pela Secretaria de Comunicação Social (Secom) em setembro de 2024.
Conteúdos originais
Uma busca no perfil de Nikolas Ferreira no Instagram encontrou o vídeo em que o deputado aparece vestindo uma blusa branca em um ambiente com plantas e paredes de madeira, publicado em 25 de dezembro de 2024.
Na gravação original, o deputado fazia um balanço de resultados negativos do governo Lula naquele ano.
De forma semelhante, o vídeo em que o parlamentar aparece sentado dentro de um carro vestindo uma camiseta verde já foi alvo de manipulação anteriormente — em alegações verificadas (1, 2) pelo AFP Checamos — e pode ser encontrado em seu perfil no Instagram, publicado em 25 de novembro de 2023.
Na ocasião, Nikolas convocava seus apoiadores para uma manifestação no dia seguinte na Avenida Paulista, em São Paulo. O evento reuniu cerca de três mil pessoas que pediam a saída do ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF).
Por fim, a sequência que mostra Nikolas usando uma camiseta preta dentro de um carro com reflexos azuis nas janelas também pode ser encontrada no Instagram, publicada em 15 de janeiro de 2025.
No conteúdo original, o deputado comenta a revogação de uma regra da Receita Federal que determinava que instituições de pagamento e operadoras de cartão de crédito deveriam informar à Receita sobre movimentações financeiras de seus clientes — medida que gerou uma onda de desinformação nas redes sociais.
Manipulação digital
Sequências falsas como essas podem ser criadas a partir de técnicas convencionais de edição ou ferramentas de inteligência artificial (IA), em um resultado chamado deepfake. Em entrevista à AFP em abril de 2024, a cientista da computação Ana Carolina da Hora explicou as diferenças entre esses tipos de manipulação.
“Vídeos deepfake, especialmente os de menor qualidade, podem apresentar inconsistências na renderização de rostos, como distorções ou mudanças anômalas na textura da pele, cabelo, iluminação ou sombras. Vídeos editados convencionalmente tendem a ter uma consistência maior em termos de iluminação e textura”, afirmou.
Ela esclareceu ainda que, em casos de manipulação por IA, “imperfeições nos movimentos faciais, especialmente ao redor dos olhos e da boca, piscadas irregulares ou ausentes, lábios que não sincronizam perfeitamente com o áudio ou expressões faciais que parecem fora de contexto são sinais comuns”.
O AFP Checamos já verificou anteriormente outros conteúdos que promovem falsas indenizações utilizando imagens de figuras públicas.
Referências
- Nota publicada pela Secom em 5 de setembro de 2024
- Vídeos originais publicados por Nikolas Ferreira no Instagram (1, 2, 3)