Apenas três cédulas em branco foram achadas em carro de funcionário dos correios nos EUA

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  • Publicado em 9 de novembro de 2020 às 18:40
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  • Por AFP Canadá
  • Tradução e adaptação AFP Brasil
Publicações que afirmam que um funcionário do Serviço Postal dos Estados Unidos foi preso na fronteira canadense com “cédulas roubadas” foram compartilhadas milhares de vezes em redes sociais desde o último dia 6 de novembro. Isso é enganoso: um funcionário dos correios foi detido com correspondência não entregue, mas apenas três cédulas não preenchidas para votos de ausentes foram encontradas entre os 813 itens identificados no veículo e ele não foi acusado de interferência eleitoral, de acordo com o Departamento de Justiça norte-americano.

“Carteiro dos EUA preso na fronteira canadense com cédulas roubadas na mala do carro”, diz um tuíte acompanhado pelo link de uma matéria de um site norte-americano com o mesmo título, em inglês.

Capturas de tela desta publicação feita no Twitter foram amplamente replicadas no Facebook (1, 2, 3) e Instagram, somando mais de 6.500 compartilhamentos no momento em que as projeções - depois confirmadas - indicavam uma possível vitória do candidato democrata, Joe Biden, na eleição presidencial norte-americana.

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Captura de tela feita em 9 de novembro de 2020 de uma publicação no Twitter

O conteúdo, que também circulou em inglês e espanhol, foi interpretado por muitos como uma evidência de que houve fraude no pleito norte-americano. “Não há dúvidas. Trump venceu as eleições. Partido democrata fraudou as cédulas de votação”, comentou um usuário.

No entanto, quem clicasse no artigo original em inglês veria a informação correta, distorcida no título da matéria.

Não há qualquer indicação de que este funcionário dos correios tivesse “roubado” as cédulas com a intenção de interferir nas eleições.

De acordo com alegações do Departamento de Justiça, 813 itens de correspondência, incluindo três cédulas para votos de eleitores ausentes, foram encontradas em 3 de novembro no veículo do funcionário dos correios Brandon Wilson. A descoberta foi feita durante uma operação de rotina na passagem de fronteira Peace Bridge, entre a província canadense de Ontário e o estado norte-americano de Nova York.

A porta-voz do Departamento de Justiça em Buffalo, Barbara Burns, disse que as cédulas haviam sido enviadas pelo Conselho Eleitoral do condado de Erie, em Nova York.

“As cédulas não haviam sido preenchidas”, confirmou.

Nos Estados Unidos, eleitores que não podem estar presentes no dia da eleição para escolher seu candidato podem pedir para receber em suas casas cédulas para votos de ausentes, que devem posteriormente ser enviadas de volta por correio ou presencialmente.

Wilson disse aos investigadores que “ele pretendia entregar a correspondência e que se esqueceu de devolvê-la aos correios”, de acordo com o comunicado do Departamento de Justiça.

Ele foi acusado de “atraso ou destruição de correspondência”, que prevê uma pena máxima de cinco anos de prisão e uma multa de 250.000 dólares, segundo o mesmo órgão.

A equipe de checagem da AFP verificou múltiplas alegações (1, 2, 3, 4) sobre uma suposta fraude na eleição presidencial deste ano nos Estados Unidos, na qual eleitores recorreram em números recordes ao voto por correio, considerado mais seguro devido à pandemia de covid-19.

Em resumo, são enganosas as publicações que utilizam a detenção de um funcionário dos correios dos Estados Unidos para apontar uma suposta fraude no processo eleitoral norte-americano. Entre os 813 itens de correspondência apreendidos com o funcionário, havia apenas três cédulas para votação de ausentes, que não haviam sido preenchidas, de acordo com o Departamento de Justiça.

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