Vídeo mostra o parlamento do Equador, e não a OEA, rejeitando a reeleição de Maduro

Em 31 de julho de 2024, o Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) se reuniu para votar uma resolução exigindo transparência do governo venezuelano sobre as presidenciais, das quais Nicolás Maduro saiu reeleito. No entanto, um vídeo com centenas de visualizações nas redes sociais, no qual se vê a votação de um parlamento que rejeita o seu novo mandato por 78 votos a favor e 34 contra, não corresponde a essa reunião. Trata-se de uma sessão da Assembleia Nacional do Equador. No encontro da OEA não houve a aprovação de nenhuma resolução.

“Com 78 votos a favor e 34 contra, a OEA concorda em apoiar plenamente o povo venezuelano e rejeitar a proclamação de Maduro como Presidente”, afirmam publicações que circulam no Facebook e no X.

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Captura de tela feita em 5 de agosto de 2024 de uma publicação no X (.)

Em 29 de julho de 2024, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) declarou a vitória de Maduro, com 52% dos votos, contra 43% de seu principal adversário, Edmundo González Urrutia.

O CNE ainda não divulgou os resultados detalhados, apesar dos pedidos da oposição e de vários países, alegando que seu sistema foi alvo de “um ataque hacker em massa”. A oposição, por sua vez, publicou em um site as atas que sustentam que González Urrutia teve 67% dos votos, e convocou protestos.

A União Europeia não reconheceu os resultados eleitorais, enquanto os Estados Unidos e vários países latino-americanos reconheceram a vitória de González Urrutia.

Votação no Parlamento equatoriano

O registro viral mostra um auditório semelhante a um parlamento, em cujo palco pode ser vista a bandeira equatoriana. 

Após votação, ouve-se um moderador anunciando: “Foi aprovada a moção apresentada pelo deputado Diego Fernando Matovelle Vera”. Depois, outra voz continua: “Hoje a Assembleia Nacional disse sim à democracia, sim ao povo venezuelano”.

Nas publicações, é possível ver o nome e o logotipo do veículo de imprensa equatoriano La Data. 

Uma pesquisa em seu perfil no X levou ao mesmo vídeo, postado em 30 de julho de 2024. Segundo a legenda, a votação ocorreu na Assembleia Nacional do Equador, e não na OEA.

Uma busca no site do Legislativo equatoriano permitiu constatar que foi aprovada em 30 de julho uma resolução na qual não reconhece os resultados das eleições venezuelanas.

“Com 78 votos a favor, o Plenário da Assembleia Nacional aprovou a resolução mediante a qual rejeita as eleições presidenciais na Venezuela em 28 de julho de 2024, reprova o regime político ditatorial de Nicolás Maduro e reconhece os direitos dos povos à resistência e à libertação de toda forma de opressão”, diz a nota à imprensa.

Outra pesquisa na conta da Assembleia equatoriana no X resultou em uma publicação que mostra uma foto do local a partir de um ângulo diferente, na qual é possível ver os mesmos quadros que aparecem no vídeo que circula nas redes sociais. 

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Comparação feita em 5 de agosto de 2024 entre as capturas de tela de uma publicação no X (E) e da fotografia publicada pelo Parlamento do Equador no X (.)

Em 31 de julho, o Conselho Permanente da OEA realizou uma reunião extraordinária para votar uma resolução que exigia transparência do governo venezuelano sobre o pleito. No entanto, o acordo foi rejeitado por não obter a maioria absoluta na votação com seus Estados-membros.

A proposta de rascunho do organismo de 34 países americanos alcançou 17 votos a favor, nenhum contra e 11 abstenções.

Entre os que se abstiveram de votar destacam-se Brasil e Colômbia, que exigiram que a Venezuela avance “de forma expedita” na divulgação das atas eleitorais e permita uma “verificação imparcial dos resultados”

A proposta de texto da OEA demandava que o CNE da Venezuela “publicasse imediatamente os resultados das eleições presidenciais de cada centro de votação”, bem como “uma verificação abrangente dos resultados na presença de observadores internacionais para garantir a transparência, credibilidade e legitimidade” do pleito.

O AFP Checamos já verificou outras peças de desinformação sobre as eleições presidenciais da Venezuela em 2024. 

Referências

Elimina link no segundo parágrafo
6 de agosto de 2024 Elimina link no segundo parágrafo

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