Vídeo de agressão policial em 2017 na Venezuela circula como se fosse após eleição de 2024
- Publicado em 13 de agosto de 2024 às 22:02
- 3 minutos de leitura
- Por AFP Colômbia
- Tradução e adaptação AFP Brasil
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“Revoltante o que a ditadura de Maduro está fazendo com quem discorda do resultado das eleições. Uma total covardia. Liberdade para a Venezuela”, lê-se na legenda que circula com o vídeo no Facebook, no Instagram, no X e no Kwai.
O conteúdo também foi compartilhado em espanhol.
Em 29 de julho de 2024, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ratificou o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, como vencedor do pleito presidencial com 52% dos votos frente os 43% de seu principal adversário, Edmundo González Urrutia.
No entanto, o CNE não publicou as atas de votação sob a justificativa de “um ataque hacker em massa”, apesar dos pedidos da oposição e de diversos países.
A oposição, por sua vez, publicou em um site as atas afirmando que González ganhou o pleito com 67% dos votos, e convocou protestos, que já resultaram na detenção de mais de 2.000 pessoas e em 25 mortes.
A União Europeia não reconheceu o resultado da eleição, enquanto os Estados Unidos e outros países latino-americanos reconheceram a vitória de González Urrutia.
A gravação viral, contudo, não foi gravada nesse contexto de 2024.
Vídeo de 2017
A sequência, com de dois minutos de duração, mostra diversos oficiais uniformizados de pé agredindo um civil em um estacionamento. Em seguida, eles o colocam em uma das motocicletas e o levam embora do local.
Aos 23 segundos do vídeo, vê-se um escudo no uniforme com as letras “PNB”, que é a sigla da Polícia Nacional Bolivariana da Venezuela.
Uma busca reversa por fragmentos da sequência no Google permitiu identificar postagens no X datadas de 15 de julho de 2017 (1, 2). Uma das publicações foi feita por Lilian Tintori, esposa do político venezuelano Leopoldo López.
Na legenda, Tintori assinalou que as imagens mostram agentes da polícia venezuelana agredindo um jovem chamado “Gianni Scovino”.
Así la GNB golpeó salvajemente en la Plaza Mayor de Lechería a Gianni Scovino, quien tiene síndrome de asperger ¡Basta de violencia! pic.twitter.com/t5TQXcF4YZ
— Lilian Tintori (@liliantintori) July 15, 2017
A mesma busca também levou a uma notícia do jornal The Independent informando que a líder da oposição a Maduro, María Corina Machado, compartilhou o vídeo no X em 14 de julho de 2017, denunciando a brutalidade da agressão à época.
Uma pesquisa no Google com o nome “Gianni Scovino” permitiu chegar a outras notícias de veículos venezuelanos e internacionais ilustradas com a sequência viral (1, 2, 3, 4).
Segundo os textos, a agressão contra Scovino, de 33 anos, aconteceu em 13 de julho de 2017 no centro comercial Plaza Mayor de Lechería, ao norte do estado de Anzoátegui, na Venezuela, onde ocorria uma manifestação. À época, o país registrava protestos contra Maduro.
Scovino foi internado em um hospital e submetido a uma cirurgia de emergência.
Dias após a agressão, o então procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, informou no X que oito funcionários da Guarda Nacional e da Polícia Nacional Boliviana foram detidos pelo episódio.
Em setembro de 2017, um ex-funcionário da Guarda Nacional foi condenado a oito anos e oito meses de prisão após confessar a agressão.
O AFP Checamos verificou outras alegações sobre as eleições presidenciais na Venezuela em 2024.