Vídeo de fumante entre "cadáveres" é dos bastidores de um clipe, não de vítimas na Ucrânia
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- Publicado em 30 de março de 2022 às 20:25
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- Por Barbara MEDINA, AFP Chile, AFP Argentina, AFP Brasil
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“A mídia como SEMPRE enganando os TROUXAS!!! Esses são os MORTOS na Guerra da Rússia X Ucrânia...só eu que vi, um MORTO fumando?”, diz uma das publicações que compartilham o vídeo no Facebook (1, 2) e Twitter (1, 2).
A sequência de 12 segundos mostra a caçamba de um caminhão com o que parecem ser sacos de cadáveres. Entre eles, destaca-se um homem que tirou parte do corpo de dentro do saco para fumar um cigarro.
As publicações - viralizadas também em francês e espanhol - começaram a circular na terceira semana da invasão russa à Ucrânia, que deixou mais de quatro milhões de pessoas deslocadas e centenas de mortos e feridos.
Origem do vídeo
Uma busca reversa por capturas de tela do vídeo no Google levou à mesma cena na rede social de compartilhamento de vídeos TikTok, mas publicada em 28 de março de 2021. A legenda, escrita em russo, indica: "Gravando o vídeo Husky - 'Never ever'". O dono do perfil em que o material foi compartilhado é Vasya Ivanov, que se apresenta como diretor de arte e disponibiliza o link de seu canal na plataforma de vídeos Vimeo.
Entre as produções publicadas por Ivanov no Vimeo está o videoclipe da música “Never Ever”, lançada pelo rapper russo Husky em 26 de setembro de 2020. Na cena final do vídeo, vê-se a caçamba de um caminhão laranja repleto de sacos pretos.
Nos stories de seu perfil no Instagram, Ivanov mostrou os bastidores da filmagem do videoclipe. A sequência foi salva como“Husky N-E” e, entre os vídeos postados, está o compartilhado nas redes sociais.
No clipe, Husky representa um funcionário que deve limpar um galpão repleto de corpos de homens mortos a tiros. Ele os coloca em sacos e faz com que desçam de um prédio com o auxílio de uma corda. Depois os coloca na caçamba.
A sequência também circulou em 2021 com a afirmação de que retratava falsas vítimas da pandemia de covid-19, o que igualmente foi verificado pela AFP.