O cartaz que pede um reforço na Nova Zelândia por "liberdades" é uma montagem
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- Publicado em 14 de dezembro de 2021 às 18:30
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- Por Clémence OVEREEM, AFP Holanda, AFP Brasil
- Tradução e adaptação Natalia SANGUINO
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“NOVA ZELÂNDIA, outra ditadura sanitária em guerra contra seus cidadãos. A führer local ganhou a devida decoração no outdoor. ‘Lembre-se de agendar a sua dose de reforço de natal. Cada dose te dá até 6 meses de liberdade’", diz o trecho de uma das publicações compartilhadas no Twitter e no Facebook (1, 2).
Conteúdos semelhantes também circulam em inglês, espanhol, romeno, italiano e macedônio.
A imagem foi manipulada
Uma busca reversa no Google pela foto viral levou à versão inalterada do cartaz estampado no outdoor em um site de propaganda eleitoral da Nova Zelândia, que informa que a publicidade do Partido Trabalhista foi feita nas Eleições Gerais de 2020.
Nessa comparação feita pela AFP, é possível constatar as diferenças entre as duas imagens:
Em 17 de outubro de 2020, a Nova Zelândia realizou uma eleição geral em que o Partido Trabalhista de Ardern saiu vitorioso. O partido tinha como slogan da campanha“Let’s keep moving” (“Vamos em frente”) que aparece na propaganda do outdoor e em outras fotografias na época:
A campanha eleitoral de 2020 na Nova Zelândia começou meses antes de as vacinas contra a covid-19 estarem disponíveis no país. A vacinação começou em fevereiro de 2021.
Um porta-voz do gabinete do primeiro-ministro confirmou à AFP em 12 de dezembro de 2021 que o cartaz que relaciona o "reforço do Natal" a "seis meses de liberdade" é "falso". A AFP também não encontrou registros que vinculem o Partido Trabalhista neozelandês com essas palavras-chave ou qualquer convocação semelhante.
Doses de reforço
O cartaz de Ardern viralizou enquanto vários países do mundo discutem uma dose de reforço da vacina contra a covid-19 para aumentar a imunidade contra o vírus, especialmente após a detecção da nova variante ômicron.
Em 25 de novembro de 2021, a Comissão Europeia propôs atualizar as regras de livre circulação de pessoas na União Europeia (UE), com o aval apenas para aqueles que receberam o reforço do imunizante.
No Brasil, a Anvisa recomendou em 24 de novembro de 2021 a dose de reforço para toda a população acima dos 18 anos.
Vacinação obrigatória e reforço na Nova Zelândia
Entre as frases do anúncio viral no outdoor aparece "No Jab No Job" ("Sem vacina, sem trabalho"), que pode se referir às rígidas regulamentações da Nova Zelândia, onde a vacinação contra covid-19 é obrigatória para trabalhadores de certos setores, como educação, saúde e serviços.
De acordo com o Ministério da Saúde da Nova Zelândia, “qualquer pessoa com mais de 18 anos de idade pode ser elegível para receber uma dose da vacina seis meses após ter completado seu ciclo de vacinação primário”. Os trabalhadores da saúde e fronteiriços têm prioridade, assim como os imunossuprimidos e residentes em lares de idosos.
“Os reforços não serão obrigatórios (...) para ter o certificado de vacinação utilizado para ingressar em eventos, academias, igrejas, cabeleireiros e outros serviços e locais”, esclarece o ministério.