Os frequentadores de um show apresentam seus passes de saúde em Tel Aviv em 5 de março de 2021 ( AFP / Jack Guez)

Em 1º de fevereiro, o passe de saúde segue em vigor em Israel, apesar de sua utilidade ser debatida

Publicações compartilhadas centenas de vezes nas redes sociais desde, pelo menos, 24 de janeiro de 2022 afirmam que Israel decidiu eliminar o passe de saúde implementado durante a pandemia para os imunizados contra a covid-19 depois que manifestantes queimaram a casa do primeiro-ministro. Mas isso é falso, este documento ainda é necessário para acessar determinados locais e não há registro de tal incêndio.

“ISRAEL: Depois que o povo incendiou a casa do primeiro-ministro há duas semanas em uma grande mobilização, o governo aconselhado pelos ‘especialistas’ decidiu revogar o PASSE DE SAÚDE obrigatório”, lê-se em em publicações no Twitter (1, 2, 3), Facebook (1, 2, 3), no Instagram (1, 2) e no Telegram (1, 2). As mensagens são acompanhadas de uma captura de uma transmissão, cuja chamada diz em espanhol: “Por recomendação de especialistas. Coronavírus: Israel revoga o passe sanitário”.

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Captura de tela de um tuíte feita em 1º de fevereiro de 2022 ( . / )

Publicações semelhantes também circulam em espanhol (1, 2).

A equipe de checagem da AFP confirmou que a captura de tela foi tirada de um programa transmitido no canal argentino LN+ em 24 de janeiro de 2022.

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Captura de tela feita em 1º de fevereiro de 2022 de uma transmissão do LN+ em 24 de janeiro de 2022 ( . / )

Apesar do que se lê no rodapé da tela, no programa, o jornalista Carlos Gurovich de Israel relatou: “Em relação ao passe sanitário, nesta semana estão considerando cancelá-lo diretamente, desnecessário, dado que o nível de infecções chegou a 83.000 no dia de hoje, é o pico máximo desde que a pandemia começou há dois anos e estima-se que a partir de agora vai diminuir”.

O passe sanitário implementado pelo governo israelense, conhecido como “Green Pass”, é obrigatório para entrar em conferências, eventos culturais e desportivos, cinemas, teatros, restaurantes, academias, entre outros locais. O passe é concedido a pessoas que foram vacinadas ou que tiveram covid-19 recentemente.

Um dia antes de a suposta notícia de sua revogação começar a viralizar, em 23 de janeiro, o gabinete de especialistas contra a pandemia em Israel havia recomendado eliminá-lo, considerando que com a alta transmissibilidade da variante omicron do vírus SARS-CoV-2 ele se tornou irrelevante.

Embora o debate sobre sua utilidade tenha sido instaurado, em 24 de janeiro, data em que o conteúdo começou a viralizar, o passe estava em vigência. Em 1º de fevereiro de 2022, ele seguia sendo usado.

Em 30 de janeiro, o governo decidiu não seguir o conselho dos especialistas e estendeu a validade do passe até 6 de fevereiro de 2022. Para casos especiais, foi prorrogado por mais tempo: em instituições de ensino, até 27 de fevereiro, e para trabalhadores da saúde e dos serviços sociais, até 1 de março.

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Israelenses se manifestam contra as restrições do governo para combater a pandemia em Tel Aviv, em 14 de agosto de 2021 ( AFP / Ahmad Gharabli)

Ao longo de 2021, em Israel ocorreram manifestações e outras ações de protesto contra o passe sanitário, como mencionam as publicações virais. Porém, não há registro de que manifestantes tenham queimado a casa do primeiro-ministro Naftali Bennett, conhecida como Beit Aghion.

Pesquisas no Google, Twitter e Facebook pelos termos “Beit Aghion fire [Beit Aghion fogo]e “Israeli prime minister fire [primeiro-ministro israelense fogo] não retornaram resultados. Também não há registro de tal incidente nas reportagens da AFP nem em seu arquivo fotográfico e de vídeo.

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