Não há provas de que vídeo mostre “vacinado” desmaiando em frente ao príncipe Charles
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- Publicado em 10 de novembro de 2021 às 16:20
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- Por AFP Austrália, AFP Brasil, AFP Chile
- Tradução e adaptação Claire-Line NASS
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“O príncipe Charles da Inglaterra fala com um homem vacinado que diz estar bem... e desmaia (ou morre?) diante dele... E o príncipe vai e inaugura uma placa. Tudo muito real. Não é uma vacina, é uma arma biológica”, escreveu um usuário em uma das publicações que circulam no Twitter (1, 2, 3), Facebook (1, 2, 3) e Telegram.
A legenda é acompanhada por um vídeo em que o príncipe conversa com um homem vestido de preto, que repentinamente cai no chão.
A sequência também circula com alegações semelhantes em inglês, espanhol e francês.
Uma busca reversa no Google por fragmentos do vídeo levou a este artigo de 10 de julho de 2020, publicado pelo site de notícias britânico The Independent. “O funcionário recebeu atendimento médico imediato e se recuperou rapidamente, com colegas tranquilizando o príncipe. Não se sabe por que o homem desmaiou”, reportou.
O vídeo compartilhado nas publicações enganosas foi publicado originalmente pelo jornal The Telegraph em 9 de julho de 2020.
Nesse dia, Charles e sua esposa Camila estavam visitando um centro de distribuição da rede de supermercados Asda em Bristol, no sudoeste da Inglaterra, para “agradecer aos funcionários que trabalharam durante a pandemia do coronavírus”, informou o veículo britânico Metro ao publicar o mesmo vídeo.
Procurado pela AFP, um porta-voz da Asda explicou que o homem - cujo nome a companhia não divulgou - desmaiou pela “magnitude” do encontro:
“A magnitude do momento foi um pouco demais para um dos nossos colegas, que desmaiou brevemente, mas que, após tirar alguns minutos para se recuperar, voltou para continuar seu turno e garantir a todos que ele estava totalmente bem”, disse à AFP.
O uso da vacina da Pfizer-BioNTech - o primeiro imunizante contra a covid-19 aprovado no Reino Unido - só foi autorizado em 2 de dezembro de 2020, cinco meses após o incidente.
Em 8 de dezembro de 2020, Margaret Keenan, de 90 anos, recebeu a primeira dose do imunizante no país, se tornando também a primeira pessoa no mundo ocidental a receber uma vacina aprovada contra a covid-19.
Embora os ensaios clínicos em humanos tenham começado no Reino Unido em abril de 2020, o porta-voz da Asda disse acreditar ser “altamente improvável” que o homem no vídeo tenha participado de um dos testes. No entanto, a empresa não pôde confirmar essa informação por não ter acesso a dados médicos dos funcionários.
Grafeno
Em vários dos vídeos ouve-se uma voz em inglês que sinaliza que o desmaio foi provocado pela vacina, que teria grafeno em sua composição.
O grafeno é um nanomaterial composto por átomos de carbono que tem sido alvo de peças de desinformação.
Como especialistas já explicaram à AFP em várias oportunidades (1, 2), esse nanomaterial não está presente nas vacinas contra a covid-19.
“O grafeno não é solúvel, portanto, um dispositivo de grafeno não poderia ser injetado em solução”, disse à AFP o pesquisador Diego Peña, do Centro Singular de Pesquisa em Química Biológica e Materiais Moleculares, da Espanha, em maio de 2021. “Se houvesse grafeno, as vacinas seriam soluções de cor escura”, acrescentou.