Donald Trump não “quebrou o protocolo real” ao andar à frente do rei Charles III; prática é padrão de cerimônia

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, realizou sua segunda visita oficial ao Reino Unido em 17 de setembro de 2025. Desde então, publicações que somam mais de 19 mil interações nas redes sociais compartilham um vídeo em que o mandatário é visto caminhando à frente do rei Charles III, com a alegação de que Trump teria “quebrado o protocolo real” com a atitude. Contudo, especialistas explicaram à AFP que, quando um chefe de Estado visitante inspeciona a guarda de honra britânica, ele sempre deve andar à frente do monarca.

“Trump caminha à frente do rei Charles, quebrando o protocolo real”, diz uma das publicações compartilhadas no Facebook, no Instagram, no TikTok, no X e no Telegram.

Alegações similares também circulam em alemão, eslovaco, espanhol, francês, inglês e polonês.

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Captura de tela feita em 26 de setembro de 2025 de uma publicação no X (.)

A segunda visita de Estado de Donald Trump ao Reino Unido, em 17 de setembro de 2025, foi marcada por fastuosos eventos. Acompanhado por sua esposa Melania, o mandatário chegou de helicóptero ao Castelo de Windsor, onde foi recebido pelo rei.

As solenidades foram realizadas a portas fechadas, longe de manifestações organizadas no centro de Londres, onde cerca de 5.000 pessoas protestaram contra a visita do norte-americano e suas políticas migratórias e tarifárias.

Durante sua visita, Trump inspecionou uma guarda de honra no pátio do castelo, em uma cerimônia militar com aproximadamente 1.300 membros do Exército britânico.

No entanto, não é verdade que o presidente tenha quebrado um protocolo real ao caminhar à frente do rei durante o evento.

Inspeção da guarda de honra

O jornalista e historiador da realeza Rafe Heydel-Mankoo afirmou à AFP, em 18 de setembro de 2025, que “o presidente Trump não quebrou o protocolo e agiu corretamente”.

“Ao inspecionar a guarda de honra, o chefe de Estado visitante sempre caminha à frente do monarca britânico”, explicou, acrescentando que isso ocorre porque o monarca convida o visitante a “tomar as rédeas da inspeção” e então simplesmente o acompanha.

Richard Fitzwilliams, especialista na família real britânica, também confirmou à AFP em 18 de setembro que faz parte do protocolo que o convidado caminhe à frente do rei, já que ele foi convidado a inspecionar a guarda de honra — que, neste caso, era composta pelos Granadeiros, os Coldstream e os Escoceses.

“O rei Charles o deixou ir na frente. Ele foi escoltado por um membro da Guarda Coldstream. Toda a cerimônia da visita de Estado transcorreu muito bem”, frisou.

Durante a inspeção, Trump foi acompanhado pelo tenente-coronel Storm Green, da Guarda Coldstream.

Outros convidados, mesmo protocolo

Embora Trump seja o primeiro presidente norte-americano a receber uma segunda cerimônia de boas-vindas no Reino Unido, predecessores e outros chefes de Estado estrangeiros já passaram pela mesma solenidade de inspeção da guarda de honra.

Por exemplo, o ex-presidente dos Estados Unidos Joe Biden participou de um evento similar em julho de 2023. Antes de Trump, a guarda de honra havia sido inspecionada pela última vez pelo presidente francês, Emmanuel Macron, em julho de 2025.

Em 2015, o presidente chinês Xi Jinping, acompanhado pelo príncipe Phillip, também realizou uma revisão simbólica da guarda britânica.

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Rei Charles III (esquerda) e o presidente Donald Trump falam com um guarda de Coldstream, enquanto inspecionam a guarda de honra, no pátio do Castelo de Windsor, em Windsor, Reino Unido, em 17 de setembro de 2025 (AFP / ANDREW CABALLERO-REYNOLDS)

O protocolo real consiste em uma série de costumes, práticas e tradições. O site da monarquia do Reino Unido indica: “Não há nenhum código de conduta obrigatório para conhecer a Rainha ou um membro da Família Real, mas é recomendável observar as normas tradicionais”.

Referências

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