Mensagem de Marco Rubio ao Exército da Venezuela é de 2024, e não de agosto de 2025

  • Publicado em 27 de agosto de 2025 às 17:09
  • 3 minutos de leitura
  • Por AFP México
  • Tradução e adaptação AFP Brasil
Em julho de 2025, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, incluiu na lista de organizações terroristas o Cartel de los Soles, liderado, segundo Washington, pelo mandatário venezuelano Nicolás Maduro. Nesse contexto, publicações com mais de 15 mil interações nas redes sociais desde 17 de agosto de 2025 compartilham um vídeo do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, com a alegação de que esse seria um “ultimato” a Maduro. Mas a sequência é um fragmento de uma mensagem publicada por Rubio em 31 de julho de 2024, quando ele era senador e após a reeleição do presidente da Venezuela.

“URGENTE: ULTIMATO DOS (EUA) PARA ‘NICOLÁS MADURO’. Marco Rubio alerta que eles estão atrás da cabeça do ditador Maduro e que não têm nenhuma consideração por ele ou seu aliado colombiano”, diz uma das publicações compartilhadas no Facebook, no Instagram, no X, no TikTok e no Telegram.

Alegações similares circulam em espanhol.

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Captura de tela feita em 26 de agosto de 2025 de uma publicação no X (.)

Na sequência viralizada, o secretário de Estado dos EUA de ascendência cubana, Marco Rubio, diz, em espanhol: “Neste momento, a quem serve nas Forças Armadas Nacionais Bolivarianas, na Guarda Nacional, na Polícia Nacional, chegou o momento de tomar uma decisão. A única forma de Maduro permanecer ilegitimamente no poder será por um derramamento massivo de sangue [...] Você quer ser a marionete de uma ditadura ou quer servir verdadeiramente à sua pátria?”.

O conteúdo circula em meio a crescentes tensões entre os Estados Unidos e a Venezuela. O governo norte-americano não reconhece as últimas duas eleições presidenciais de Maduro, que é acusado de liderar uma suposta quadrilha do narcotráfico chamada Cartel de los Soles, classificada por Trump como uma organização terrorista.

Além disso, em 7 de agosto de 2025, o país passou a oferecer uma recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à captura do governante venezuelano. Em 14 de agosto, Marco Rubio reiterou que o governo de Maduro é “uma organização criminosa”.

No final do mesmo mês, os Estados Unidos enviaram três navios de guerra para águas do mar do Caribe próximas à Venezuela como parte de um plano para combater o narcotráfico.

No entanto, o vídeo viralizado não foi registrado nesse contexto.

Mensagem de 2024

Uma busca reversa por fragmentos da gravação no Google conduziu a um vídeo publicado nas redes sociais de Rubio em 31 de julho de 2024 (1, 2), quando exercia o cargo de senador dos Estados Unidos.

No YouTube, a publicação é intitulada: “Mensagem para os membros da Força Armada Nacional Bolivariana, Guarda Nacional e Polícia Nacional”.

Na gravação, ele declara: “Em março deste ano, o CNE [Conselho Nacional Eleitoral] convidou o Centro Carter para ser um observador internacional das eleições presidenciais na Venezuela. [...] À noite, o Centro Carter emitiu uma declaração dizendo que as eleições não cumpriam com os padrões internacionais de integridade eleitoral e que as eleições não podem ser consideradas democráticas”.

A partir de 1’04”, o trecho viralizado é exibido.

Após as eleições de 20 de julho de 2024 na Venezuela, Maduro foi proclamado pela autoridade eleitoral como presidente reeleito para um terceiro mandato de seis anos com 52% dos votos, contra 43% do candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, representante da líder María Corina Machado, que denunciou a ocorrência de uma fraude.

Horas após o primeiro boletim, manifestações eclodiram em Caracas e em outras cidades do país, incluindo bairros pobres que historicamente se identificavam como chavistas.

Os Estados Unidos, a União Europeia e países latino-americanos como Argentina, Peru, Equador e Uruguai consideram que González Urrutia ganhou as eleições, e governos como o do Brasil e o da Colômbia reforçaram pedidos para a divulgação transparente das atas de votação.

O AFP Checamos já verificou outras alegações sobre a crise entre os Estados Unidos e a Venezuela em 2025.

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