Anthony Fauci não é acusado de mais de 100 mil homicídios culposos na Nova Zelândia

O ex-conselheiro especial da Casa Branca durante a pandemia de covid-19 Anthony Fauci não foi acusado de homicídios culposos na Nova Zelândia. Publicações que somam mais de 2,5 mil visualizações nas redes sociais desde 17 de abril de 2025 afirmam ainda que, além dessa suposta acusação, Fauci estaria enfrentando mandados de prisão em outros 14 países. Mas a alegação foi desmentida pela polícia neozelandesa à AFP e até 9 de maio de 2025 seu nome não constava na lista de procurados da Interpol.

“CAÇADA GLOBAL LANÇADA: NOVA ZELÂNDIA ACUSA FAUCI COM 107.357 ACUSAÇÕES DE HOMICÍDIO NEGLIGENTE — 14 PAÍSES EMITEM MANDADOS DE PRISÃO”, diz o trecho inicial da mensagem que circula no Facebook, no X e no Telegram.

Postagens semelhantes são compartilhadas em inglês, húngaro, croata e eslovaco.

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Captura de tela feita em 6 de maio de 2025 de uma publicação no Facebook (.)

As publicações indicam ainda que “14 nações emitiram mandados de prisão internacional” contra Fauci, entre elas o Brasil, a África do Sul, a Itália, a Hungria e as Filipinas.

Anthony Fauci é um imunologista norte-americano que atuou como diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas entre 1984 e 2002, e ganhou maior notoriedade no início da pandemia da covid-19, quando foi nomeado conselheiro especial da Casa Branca contra o coronavírus durante o primeiro mandato de Donald Trump.

Após Joe Biden assumir o cargo em janeiro de 2021, Fauci passou a ser seu principal assessor médico, até renunciar em 2022.

O imunologista defendeu medidas como distanciamento social e o uso de máscaras para evitar a propagação da covid-19, tornando-se um alvo recorrente de desinformação e ataques.

Mas ao contrário do que afirmam as publicações, Fauci não foi acusado de “homicídio negligente” na Nova Zelândia, nem tem mandados de prisão internacional expedidos em nenhum dos países mencionados.

Uma busca por palavras-chave no Google indicou que a manchete viral teria sido retirada de um artigo publicado em 6 de abril de 2025 pelo site AMG-News, que contém outros textos com teorias da conspiração e que já difundiu desinformação anteriormente.

No entanto, o artigo não cita nenhuma fonte neozelandesa ou de outro país mencionado nas postagens virais.

À AFP, uma porta-voz da Polícia da Nova Zelândia confirmou que Fauci não está sob investigação ou foi acusado de algum crime no país.

“Isso obviamente não está correto”, disse por e-mail em 29 de abril de 2025.

O nome de Fauci também não aparece na Red Notice, uma lista regularmente atualizada da Interpol, que organiza a cooperação policial entre os 196 países-membros.

A AFP também não encontrou nenhum registro de acusação contra Fauci por meio de buscas em portais de ministérios da Justiça e da polícia do Brasil, da África do Sul, da Itália, da Hungria e das Filipinas.

Alvo recorrente de desinformação

A AFP tentou contatar Fauci e a assessoria de imprensa da Universidade de Georgetown, onde ele trabalha como professor, mas não obteve resposta.

Pouco depois da falsa alegação começar a circular nas redes sociais, Anthony Fauci apareceu em público nos Estados Unidos nos dias 8 e 14 de abril.

Desde o início de seu envolvimento ativo no combate à pandemia de covid-19, ele tem enfrentado diversos ataques políticos e pedidos de investigação por parlamentares republicanos.

Pouco antes do fim do mandato, o ex-presidente Joe Biden concedeu a Fauci um indulto preventivo, como forma de protegê-lo de processos judiciais com “motivações políticas”.

O AFP Checamos já verificou outras alegações sobre Anthony Fauci (1, 2).

Referências

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