Filmagem de briga entre mulheres não tem relação com eleições municipais de 2024

  • Publicado em 10 de outubro de 2024 às 20:11
  • 3 minutos de leitura
  • Por AFP Brasil
Uma gravação que mostra uma mulher saindo de um carro e agredindo outra não tem relação com disputas eleitorais. O vídeo, que acumula mais de 2,2 mil interações após o primeiro turno das eleições municipais de 6 de outubro de 2024, circula junto à alegação de que a vítima das agressões teria vendido seu voto a uma vereadora por R$ 100, porém teria votado em outro candidato. É falso: a briga ocorreu em 2020 e, segundo a Polícia Civil do Rio de Janeiro, as duas mulheres eram concorrentes comerciais e se desentenderam devido a uma publicação no Facebook.

“Disseram que foi a vereadora cobrando o voto. Coitada da eleitora, nem reagiu”, diz uma publicação de 8 de setembro de 2024 feita no Instagram. O conteúdo também circula no Kwai.

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Captura de tela feita em 10 de outubro de 2024 de uma publicação no Instagram (.)

A gravação mostra uma mulher que exibe o celular para outra e, em seguida, começa a agredi-la fisicamente perto de um carro no qual está colado um adesivo com propaganda política. Segundo as publicações, a mulher agredida teria vendido seu voto a uma vereadora por R$ 100, mas teria votado em outro candidato e, por isso, estaria sendo “cobrada”.

Isso é falso: uma busca reversa por fragmentos da imagem no Google Lens levou a uma imagem da sequência que foi publicada pelo veículo Metrópoles em 2020, em uma matéria intitulada: “Vídeo: briga que viralizou no dia das eleições não foi por causa de voto”.

Segundo a matéria, o caso ocorreu em Magé, no Rio de Janeiro, dias antes do primeiro turno das eleições municipais daquele ano, em 15 de novembro.

O texto também relata que o delegado da Polícia Civil Ângelo José Lages Machado desmentiu que a briga tivesse motivação política. Segundo o delegado, a discussão ocorreu porque as duas mulheres são concorrentes comerciais e uma delas teria feito uma publicação no Facebook criticando a comida vendida pela outra.

No início do vídeo viral, de fato é possível ouvir uma das mulheres questionando a outra: “O que que você botou no Face [Facebook]?”. Em seguida, a outra envolvida nega que tenha publicado na rede social. A outra mulher, então, mostra o celular e insiste: “Olha aqui, você botou”, e começa a praticar as agressões.

Segundo a matéria publicada pelo Metrópoles, o delegado explicou que, como o vídeo circulou perto das eleições municipais de 2020, a frase “você botou” foi compreendida por usuários como “você votou”.

O veículo O Dia, que também noticiou o caso, reportou que o adesivo visto no carro era o do candidato a prefeito Rogério do Valle (PL). No vídeo, é possível ver o número 22, em referência ao número do partido do candidato.

O mesmo vídeo já havia sido verificado pelo AFP Checamos em junho de 2024. À época, as mensagens citavam o nome de “Edilene Pezão” como sendo a vereadora que teria comprado os votos. Porém, uma pesquisa feita em junho pelo Checamos mostrou que não havia registro desse nome na base de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Uma nova consulta ao DilvulgaCand Contas, feita em 9 de outubro de 2024, com as primeiras letras do nome citado, Edilene, tampouco mostrou registro de uma candidata a vereadora com esse nome entre os 174 candidatos ao cargo no município de Magé (RJ) nas eleições deste ano.

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Captura de tela feita em 10 de outubro de 2020 de uma pesquisa no site DivulgaCand Contas, do TSE
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O AFP Checamos entrou em contato com o Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) e com a Polícia Civil do Rio de Janeiro para obter mais informações em outubro de 2024, porém não obteve mais detalhes a respeito do caso.

Referências

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