O Google não fez uma pesquisa para decidir entre os termos “Palestina” ou “Israel” no Earth em 2024
- Publicado em 16 de abril de 2024 às 18:19
- 3 minutos de leitura
- Por Roxana ROMERO, AFP Estados Unidos, AFP Brasil
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“O Google lançou uma votação para adicionar o nome ‘Israel’ ou ‘Palestina’ ao mapa do Google Earth”, diz a legenda de publicações no Facebook e no X.
As publicações circulam no contexto da guerra entre Israel e o Hamas iniciada em 7 de outubro de 2023, após um ataque do movimento islamista palestino que deixou 1.170 mortos, a maioria civis, segundo balanço da AFP com base em números oficiais israelenses.
Por sua vez, o Ministério da Saúde de Gaza, governado pelo Hamas, afirma que a ofensiva israelense em retaliação já matou mais de 33 mil pessoas em território palestino.
O conflito passou por uma nova escalada no último dia 13 de abril, quando o Irã lançou centenas de mísseis e drones contra o território israelense, em retaliação por um bombardeio contra seu consulado em Damasco, na Síria, atribuído a Israel.
Google não fez enquete
Uma busca pelo domínio citado nas publicações, israel-vs-palestine.com, no site Whois, que permite obter a data de criação dos sites, mostrou que ele foi registrado em 28 de dezembro de 2008. Naquele ano, a imprensa noticiou operações de Israel na Faixa de Gaza.
De acordo com a ferramenta, o domínio foi atualizado em 6 de dezembro de 2023 e o registro expira em 28 de dezembro de 2024.
Uma busca no Wayback Machine, que arquiva páginas da internet, mostrou uma captura de tela de 31 de dezembro de 2008 como a versão mais antiga do site.
A página não exibe nenhum elemento indicando que ela foi projetada pelo Google, como o logotipo da empresa ou a marca ©2024 Google; é possível visualizar apenas a inscrição “© 2024 Free-opinion”.
A pesquisa, intitulada “Quem você apoia?”, pergunta ao usuário qual território ele defende e não faz menção ao Google Earth.
Uma consulta ao Google Earth, mostra que a ferramenta mostra Israel no mapa, mas que o nome “Palestina” não está incluído.
Um porta-voz da área de comunicações para a América Central e o Caribe do Google disse à AFP por e-mail, em 4 de abril, que eles não realizaram uma votação sobre a inclusão do nome de nenhum território em sua ferramenta.
“Essas afirmações são imprecisas: o Google Earth não solicita votos públicos sobre o nome de qualquer terra ou território, e não possui nenhuma relação com o site mencionado”, afirmou.
Ele acrescentou que a companhia se mantém neutra sobre os debates geopolíticos e está comprometida em mostrar o mundo de forma “objetiva”.
“Fazemos isso consultando dados de uma ampla gama de autoridades cartográficas globais, incluindo fornecedores de dados terceirizados, ISO 3166 (um padrão da indústria para países e subdivisões), as Nações Unidas, o Repositório de Dados de Configuração Regional Comum da Unicode e outros”, ele disse.
Em 2021, a AFP já havia verificado conteúdo semelhante sobre uma suposta pesquisa realizada pelo Google para colocar “Israel” ou “Palestina” em sua ferramenta de mapas. Naquela época, representantes do Google afirmaram que a empresa se mantinha “neutra” em relação aos “debates geopolíticos” e, portanto, quem pesquisasse por “Palestina” no Google Earth era direcionado para a área do mapa que inclui os nomes “Faixa de Gaza” e “Cisjordânia”, visto que “ainda não há consenso internacional ” sobre o uso do termo.