Políticos de diversos países e diferentes níveis faleceram devido à COVID-19
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- Publicado em 18 de agosto de 2020 às 23:03
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- Por AFP Bélgica, AFP México
- Tradução e adaptação AFP Brasil
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“Que raro [um] vírus tão mortal que não matou nenhum político… Será que este ‘vírus’ é corrupto?”, dizem publicações compartilhadas no Facebook (1, 2), desde o final de julho.
Versões semelhantes, replicadas mais de 100 mil vezes no Facebook (1, 2, 3) e Twitter (1, 2, 3) desde o final de março, asseguram que o novo coronavírus “não matou nenhum político nem aqui e nem na China”, em uma aparente referência à expressão que significa que algo não aconteceu em nenhum lugar do mundo.
Captura de tela feita em 18 de agosto de 2020 de uma publicação no Facebook
No entanto, desde que o novo coronavírus foi detectado, em dezembro de 2019, políticos de diferentes níveis de governo e em diversos países, incluindo o Brasil e a China, foram contaminados e faleceram devido à COVID-19. A seguir, a equipe de checagem da AFP reuniu alguns exemplos:
América
A América Latina é uma das regiões mais afetadas pela pandemia do novo coronavírus a nível mundial, onde mais de 50 políticos faleceram devido à doença até a publicação deste artigo.
Em março deste ano, quando as publicações começaram a circular, já havia falecido em decorrência da COVID-19 no Brasil, o prefeito de São José do Divino (Piauí), Antônio Nonato Lima Gomes. No final de maio, também foi confirmada a morte de Gil Vianna, deputado estadual pelo PSL e próximo ao presidente Jair Bolsonaro.
Na Venezuela, faleceu em 13 de agosto Darío Vivas, chefe do governo de Caracas e importante político chavista do governo de Nicolás Maduro, quase um mês após testar positivo para o novo coronavírus. Essa morte se soma à do cônsul do país no Brasil, Faustino Torella, que batalhou por mais de 50 dias contra a COVID-19, falecendo em 5 de agosto.
Diosdado Cabello (esquerda), junto ao chefe do governo de Caracas, Darío Vivas, em um ato político em 7 de agosto de 2017
O México é o país da região onde mais políticos em exercício faleceram devido ao novo coronavírus: a equipe de checagem da AFP contabilizou ao menos 24 mortes de prefeitos e funcionários municipais e estaduais. Entre elas, em julho, a do secretário de Saúde do estado de Chihuahua, Jesús Enrique Grajeda, e, em maio, a do presidente municipal da localidade de Mazatecochco, José Esteban Cortés.
No Peru, nove prefeitos faleceram por COVID-19. Entre eles Luis Pascal Chauca, prefeito de Pucusana, na província de Lima.
Dois deputados e dois prefeitos da Bolívia também morreram devido à doença. Uma das mortes mais recentes foi a do legislador Francisco Cuéllar, do Movimento para o Socialismo (MAS). Em 16 de agosto, por sua vez, faleceu Esther Morales, que acompanhou seu irmão e ex-presidente boliviano, Evo Morales, em sua vida política.
Políticos, parlamentares e funcionários públicos em atividade também perderam a batalha para o novo coronavírus no Equador, no Chile, na Nicarágua, em Honduras e El Salvador, segundo reportado por diferentes veículos locais.
Nos Estados Unidos, por sua vez, o site de informação sobre política Ballotpedia criou uma base de dados dedicada a contabilizar as “mortes, diagnósticos e quarentenas relacionados à COVID-19 de funcionários eleitos, candidatos e funcionários governamentais”.
A nível estadual, o site reportou quatro mortes, ocorridas em março e abril: dois membros da Câmara de Representantes dos estados de Luisiana e Dakota do Sul, assim como dois integrantes da Suprema Corte do estado de Nova York.
A nível local, ao menos três políticos morreram nos estados de Minnesota, Nova Jersey e Geórgia, segundo o portal.
No final de julho, o político conservador e ex-candidato à Presidência pelo Partido Republicano Herman Cain também morreu após testar positivo para o coronavírus. Semanas antes, ele havia comparecido ao comício do presidente Donald Trump em Tulsa, Oklahoma.
Europa
Na França, no início de abril, a AFP já havia contabilizado cinco prefeitos e presidentes de executivos locais que morreram devido à COVID-19, entre eles, Alain Lescouet, prefeito de Saint-Brice Courcelles, no departamento de Marne, e Jean-Jacques Zalay, vice-prefeito da localidade de Tracy le Mont, no departamento de Oise.
Também no final de março, a classe política francesa foi sacudida pela morte de Patrick Devedjian, ex-ministro e presidente do conselho departamental de Altos do Sena, a oeste de Paris.
O ex-ministro Patrick Devedjian em 8 de setembro de 2010 em Paris
A Espanha, por sua parte, registrou a primeira morte de um prefeito em exercício em 28 de março: Narciso Arranz, chefe da localidade de Cantalojas, ao norte de Madrid. Outros ex-funcionários como o ex-diretor da Polícia Nacional Juan Cotino, e o ex-presidente de Governo da Comunidade Autônoma de Aragão Santiago Lanzuela, faleceram durante o ponto mais crítico da pandemia no país, entre março e abril.
Na Bélgica, o coronavírus vitimou diversos ex-políticos, entre eles o ex-senador Philippe Bodson.
Ásia
Na China, a morte de duas autoridades públicas foram notificadas logo no início da pandemia, ainda em janeiro deste ano. Entre elas, a de Wang Xianliang, ex-chefe da Comissão de Assuntos Étnicos e Religiosos de Wuhan, e a de Yang Xiaobo, ex-prefeito de Huangshi, na província de Hubei.
No Irã, ao menos oito políticos e líderes de alto escalão faleceram devido ao novo coronavírus. Entre eles, morreram, em março, o general iraniano e comandante chefe da Guarda Revolucionária Iraniana, Nasser Shabani, e a parlamentar Fatemeh Rahbar.
Na Índia, ao menos três políticos em exercício faleceram de COVID-19, incluindo o ministro da Educação do estado de Uttar Pradesh, Kamal Rani Varun, no início de agosto.
África
Na África do Sul, vários políticos morreram por COVID-19, como o presidente do Conselho Municipal da cidade de Buffalo, Alfred Mtsi; Martha Mmola, integrante do Conselho Nacional de Províncias e o deputado Zamuloxo Peter.
Líderes com COVID-19
Ao decorrer da pandemia, diversos mandatários também informaram terem testado positivo para a doença, como o presidente Jair Bolsonaro; Boris Johnson, primeiro-ministro do Reino Unido; Jeanine Áñez, presidente interina da Bolívia e Juan Orlando Hernández, mandatário de Honduras.
Presidente Jair Bolsonaro exibe embalagem de hidroxicloroquina no Palácio da Alvorada, após anunciar ter testado positivo para o novo coronavírus, em 23 de julho de 2020
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), “a maioria das pessoas (cerca de 80%) irá se recuperar da doença sem necessidade de tratamento hospitalar”. Uma em cada cinco pessoas que contraem a COVID-19 apresenta um quadro grave e pode passar por dificuldades para respirar.
Até este dia 18 de agosto, a pandemia de coronavírus deixou mais de 774 mil mortos em todo o mundo, e foram registrados mais de 21 milhões de casos positivos.
Em resumo, vários políticos e ex-funcionários públicos faleceram devido à COVID-19 em múltiplos países.