Este homem com boné escrito “Make Whites Great Again” não é o policial Derek Chauvin
- Este artigo tem mais de um ano
- Publicado em 3 de junho de 2020 às 18:04
- Atualizado em 3 de agosto de 2020 às 19:23
- 3 minutos de leitura
- Por Manon JACOB, AFP Estados Unidos, AFP Argentina, AFP Brasil
Copyright © AFP 2017-2025. Qualquer uso comercial deste conteúdo requer uma assinatura. Clique aqui para saber mais.
“Esse é o policial que matou ontem um rapaz Negro nos Estados Unidos. Em meio [a] uma pandemia, ser preto é tentar se defender de 2 vírus, o covid19 e a polícia racista. Detalhe da frase em seu boné: 'Torne os brancos ótimos novamente.' Estamos em guerra!”, diz uma publicação, compartilhada mais de 2.300 vezes no Facebook.
A legenda acompanha duas imagens. A da esquerda é uma captura do vídeo da violenta detenção de George Floyd por parte da polícia da cidade de Minneapolis, em Minnesota, no último dia 25 de maio. No registro é possível ver o policial Derek Chauvin pressionando seu joelho sobre o pescoço de Floyd, o que levou a sua morte.
A foto da direita mostra um homem com um boné vermelho, semelhante ao utilizado por Donald Trump e seus partidários durante a campanha presidencial norte-americana de 2015, mas em vez de dizer “Make America Great Again” (Torne os Estados Unidos grandes novamente) diz “Make Whites Great Again” (Torne os brancos grandes novamente).
A combinação de fotos ilustra diversas outras postagens no Facebook (1, 2, 3) e Twitter (1, 2, 3), além de também ter circulado em inglês e espanhol.
Captura de tela feita em 2 de junho de 2020 mostra combinação de fotos publicada no Facebook
O homem de boné
Uma busca reversa no Google pela imagem do homem de boné vermelho levou a publicações no Twitter que afirmam que a pessoa retratada na foto é Jonathan Riches.
Uma das postagens inclui uma captura de tela do perfil no Facebook de uma mulher chamada Christina Caldwell, que se descreve como avó de Riches, e no qual aparece a fotografia viralizada. Nesta captura de tela, o boné traz os dizeres “Make whites great again”.
A equipe de checagem da AFP analisou a conta de Christina Caldwell, onde não localizou a fotografia compartilhada no Twitter. No entanto, encontrou uma praticamente igual publicada no último dia 26 de maio, na qual a mensagem gravada no boné é outra. Em vez de dizer “Make whites great again”, diz “Make America Great Again”.
Captura de tela feita em 3 de junho de 2020 mostra foto publicada no Facebook
Segundo Christina Caldwell, a imagem utilizada para comparar seu neto com o policial que matou George Floyd foi alterada para incluir a frase racista, e a foto original está com o advogado da família.
A partir do perfil de Caldwell no Facebook, a equipe de checagem da AFP chegou à conta de Jonathan Riches. Suas fotografias mostram um apoio ativo a Donald Trump.
Em seu perfil também há imagens dos numerosos processos que apresentou em todo o país como, por exemplo, ações contra a gripe A (H1N1), contra o pesquisador Steven Hatfill por difundir anthrax e contra a Nasa, por reter material que diz o pertencer, como trajes espaciais e “DNA de Plutão”.
Riches foi preso no final de 2012 após viajar a Connecticut e fazer se passar pelo tio de Adam Lanza, um jovem que havia cometido um massacre na escola primária de Sandy Hook em 14 de dezembro daquele ano. Riches estava em liberdade condicional por fraude eletrônica e não podia deixar o estado da Pensilvânia.
A morte de George Floyd pelas mãos da polícia de Minneapolis desencadeou uma onda de protestos em vários estados norte-americanos. Após ser expulso da força policial, Derek Chauvin foi formalmente acusado pela Procuradoria do condado de Hennepin, Minnesota, por “homicídio de terceiro grau” em 29 de maio.
Uma fotografia compartilhada pela prisão do condado de Hennepin e recebida pela AFP em 31 de maio de 2020 mostra com nitidez o rosto do policial Derek Chauvin.
Em resumo, é falso que as publicações viralizadas mostrem o policial Derek Chauvin, acusado formalmente pela morte de George Floyd, usando um boné com os dizeres “Torne os brancos grandes novamente”. Esta foto mostra um cidadão norte-americano com antecedentes criminais, chamado Jonathan Lee Riches.