Protesto de veteranos nos Estados Unidos circula como prisão de pilotos que se negaram a ajudar Israel

  • Publicado em 2 de outubro de 2025 às 18:27
  • 2 minutos de leitura
  • Por AFP México
  • Tradução e adaptação AFP Brasil
Os Estados Unidos são o principal provedor de armas para Israel e o seu maior aliado na guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza desde outubro de 2023. Nesse contexto, um vídeo de dois supostos pilotos da Força Aérea norte-americana sendo presos por se negarem a transportar ajuda militar ao território israelense foi compartilhado em publicações com mais de 16 mil interações nas redes sociais desde 20 de setembro de 2025. Mas, na verdade, a gravação mostra dois veteranos de guerra que interromperam uma audiência no Senado dos Estados Unidos para exigir um cessar-fogo nos territórios palestinos.

“Pilotos americanos recusaram-se a pilotar aviões carregados com armas para Israel. Eles foram então convocados ao Pentágono, presos à força, acorrentados e presos em prisões militares”, diz uma das publicações compartilhadas no Facebook, no Instagram e no Threads.

O conteúdo também circula em espanhol.

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Captura de tela feita em 1º de outubro de 2025 de uma publicação no Facebook (.)

Na sequência viral, feita no meio de um corredor com bandeiras dos Estados Unidos, policiais algemam um homem e uma mulher que vestem uniformes militares. Enquanto é detida, a mulher acusa o governo norte-americano de ser cúmplice de um “genocídio” em Gaza.

Os Estados Unidos, o aliado mais importante de Israel na ofensiva contra o grupo islamista Hamas, já vendeu milhares de armamentos — incluindo um avião de combate F-35 — ao Exército israelense desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023.

Ao longo de 2025, Israel tem enfrentado um aumento da rejeição internacional por sua ofensiva nos territórios palestinos, ação que já deixou pelo menos 66 mil mortos. Enquanto isso, autoridades norte-americanas aplicaram sanções a ONGs palestinas.

No entanto, uma pesquisa no Google pelas palavras-chave presentes na alegação viral não encontrou registros de detenções de membros das Forças Armadas dos Estados Unidos por se recusarem a apoiar Israel.

Protesto de veteranos

Uma busca reversa por fragmentos do vídeo no Google conduziu à mesma gravação publicada em 3 de setembro de 2025 pela rede de comunicação Al Jazeera, com legendas em inglês.

Segundo a descrição, os veteranos do Exército dos Estados Unidos Anthony Aguilar e Josephine Guilbeau foram retirados de uma audiência do Comitê de Relações Exteriores do Senado após acusarem os parlamentares de “serem cúmplices do genocídio de Israel em Gaza”.

Nenhum dos dois militares atuou como piloto ao longo de suas carreiras. Guilbeau é uma ex-oficial da Inteligência norte-americana que trabalhou durante 17 anos nas Forças Armadas, de acordo com informações disponíveis na Rede de Mídia Eisenhower, uma organização de ex-funcionários militares, de inteligência e de segurança nacional.

Em dezembro de 2024, ela também protestou contra a ofensiva militar de Israel em Gaza durante uma sessão voltada a assuntos de veteranos.

Anthony Aguilar é um oficial aposentado das Forças Especiais do Exército que relatou para veículos de comunicação, como a BBC, e para políticos norte-americanos, como Bernie Sanders, sua experiência no projeto humanitário de Gaza, que abandonou após “testemunhar crimes de guerra” contra civis palestinos.

Na gravação viral, é possível ouvir Aguilar afirmar: “Se eles prendem veteranos, vão prender você”.

Josephine Guilbeau e Anthony Aguilar estiveram em serviço até 2023 e 2025, respectivamente, segundo informações disponibilizadas por ambos na Rede de Mídia Eisenhower e em entrevistas a meios de comunicação.

Na transmissão da audiência do Comitê de Relações Exteriores do Senado de 3 de setembro de 2025, publicada no site do Congresso dos Estados Unidos, é possível escutar, a partir do minuto 44:50, Guilbeau e Aguilar gritando acusações contra os parlamentares presentes.

Referências

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