Hamas libertou dezenas de mulheres reféns em tréguas antes de acordo de cessar-fogo em 2025
- Publicado em 24 de outubro de 2025 às 18:38
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- Por AFP Brasil
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Em 13 de outubro de 2025, o movimento islamista palestino Hamas libertou os últimos 20 reféns vivos como parte de um acordo de cessar-fogo que visa pôr fim a dois anos de guerra contra Israel em Gaza. Diante disso, publicações nas redes sociais com mais de 35 mil interações apontam que o Hamas só libertou homens porque nenhuma das mulheres sequestradas em 7 de outubro de 2023 teria sobrevivido. Mas isso é enganoso: em tréguas anteriores ao cessar-fogo atual, o grupo libertou diversos dos 251 reféns sequestrados, incluindo dezenas de mulheres.
“Nenhum dos reféns devolvidos pelo Hamas é mulher, todas foram mortas pelos terroristas”, diz a legenda de uma imagem no Facebook. Mensagens similares circulam no Instagram, no X e no TikTok.
A alegação também é compartilhada em espanhol.
Os conteúdos circulam após a libertação dos últimos 20 reféns vivos, que estavam entre os 251 capturados durante o ataque do Hamas de 7 de outubro de 2023. O episódio deu início a uma guerra entre Israel e o movimento islamista no território palestino.
A libertação dos reféns faz parte de um acordo de cessar-fogo, elaborado a partir de um plano de 20 pontos apresentado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, e mediado pelo Catar e Turquia. O documento, assinado em 9 de outubro, visa pôr fim a dois anos de guerra em Gaza.
Na primeira fase do plano, foi acordada a troca de 48 reféns mantidos em cativeiro em Gaza, entre vivos e mortos, por quase 2 mil palestinos, além da retirada das tropas israelenses de vários setores e a entrada da ajuda humanitária no território palestino.
A segunda fase do plano foi assinada durante a chamada Cúpula da Paz em Gaza, que não contou com representantes nem de Israel e nem do Hamas. A etapa prevê pontos mais delicados, como o desarmamento do Hamas, a retirada completa de Israel de Gaza e a reconstrução do territorio palestino.
No entanto, Israel e Hamas se acusaram mutuamente em 19 de outubro de violar o cessar-fogo, após um aumento da violência no sul da Faixa de Gaza. Nesse mesmo dia, Israel realizou bombardeios que mataram 45 palestinos, segundo a agência de Defesa Civil do território governado pelo Hamas.
Tréguas anteriores com libertação de reféns
De fato, os últimos reféns entregues vivos pelo Hamas são todos homens. Mas não é correto afirmar que nenhuma mulher sequestrada no 7 de outubro foi entregue viva.
Como a AFP reportou, antes do acordo de cessar-fogo entrar em vigor, mais de 200 reféns haviam sido devolvidos a Israel em duas tréguas realizadas durante o conflito, ou foram resgatados em operações do Exército israelense.
Dias após o início do conflito em outubro de 2023, pelo menos cinco mulheres dos 251 sequestrados pelo Hamas deixaram os territórios palestinos. Quatro foram libertadas, e uma militar foi solta durante uma operação terrestre, de acordo com autoridades israelenses.
Dois meses depois, em novembro de 2023, a primeira trégua na guerra foi realizada após um acordo mediado pelo Catar.
À época, a trégua durou uma semana e mais de 100 reféns foram libertos, conforme informações divulgadas pela AFP. Dentre eles, ao menos 60 eram mulheres e crianças.
Em setembro de 2024, a AFP reportou que, até aquele momento, 117 reféns dos 251 sequestrados no 7 de outubro de 2023 haviam sido libertos. Entre os 64 reféns que permaneciam em cativeiro, haviam duas crianças e 10 mulheres, sendo que cinco eram militares.
Meses depois, em janeiro de 2025, iniciou-se a segunda trégua no conflito, que alcançava seu 15º mês. A trégua permaneceu até 1º de março e uma proposta para a sua continuidade foi rejeitada por Israel e Estados Unidos.
Durante essa paralisação do conflito, 33 reféns foram libertados, incluindo ao menos quatro mulheres (1, 2) e quatro soldados israelenses que cumpriam o serviço militar na fronteira com a Faixa de Gaza quando foram sequestradas.
Em outubro de 2025, quando entrou em vigor o acordo de cessar-fogo, 48 reféns vivos ou mortos ainda permaneciam em Gaza.
Até a publicação deste texto, os últimos 20 reféns vivos haviam sido libertos e 13 dos 28 corpos de reféns mortos haviam sido entregues pelo Hamas a Israel.
Esse conteúdo também foi verificado por Aos Fatos, Estadão Verifica e UOL Confere.
O Checamos já verificou outras alegações sobre o conflito entre Israel e Hamas.
