Imagens de parlamentares iranianos queimando bandeira dos Estados Unidos são de 2018

O conflito de 12 dias entre Israel e Irã em junho de 2025 foi permeado por temores de uma intervenção dos Estados Unidos, confirmada no último dia 22 quando Washington atacou instalações nucleares iranianas. Nesse contexto, um vídeo de parlamentares iranianos queimando uma bandeira norte-americana foi visualizado mais de 50 mil vezes nas redes sociais como se fosse recente e mostrasse uma ameaça da República Islâmica a Washington. Mas as imagens são antigas: datam de 2018, quando os Estados Unidos abandonaram o acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano.

"TENSÃO NO ORIENTE MÉDIO: Parlamentares iranianos Queimam bandeira dos EUA e Fazem Ameaças nucleares”, afirmam publicações no Facebook

A alegação também circulou no Instagram, no Threads, no X, no TikTok e no Kwai, ao menos desde o último 19 de junho, e foi compartilhada em inglês, espanhol e alemão.

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Captura de tela de uma publicação no X, feita em 10 de julho de 2025 (.)

As publicações passaram a circular em meio ao conflito de 12 dias entre Israel e Irã, iniciado em 13 de junho com um um ataque sem precedentes de Israel. Os israelenses afirmaram ter como objetivo impedir que o Irã adquirisse uma bomba atômica, um objetivo negado pela República Islâmica.

Os ataques israelenses mataram oficiais do alto escalão e líderes da Guarda Revolucionária, o exército ideológico da República Islâmica, assim como mais de dez cientistas do programa nuclear iraniano.

No meio da guerra, os Estados Unidos — embora envolvidos em negociações nucleares com Teerã — bombardearam as instalações nucleares iranianas de Fordo, Isfahan e Natanz. 

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, disse que os Estados Unidos "não ganharam nada" com a guerra de 12 dias entre Irã e Israel.

O vídeo viral começou a circular nos dias que antecederam a ofensiva norte-americana, quando usuários compartilharam as imagens de parlamentares iranianos queimando uma bandeira dos Estados Unidos, alegando que eles estavam ameaçando atacar o país. 

A Guarda Revolucionária ameaçou os Estados Unidos com uma "retaliação lamentável" em 22 de junho após os ataques norte-americanos, mas o vídeo viral é antigo e não tem relação com eventos recentes.

Vídeo de 2018

Uma busca reversa por fragmentos da gravação encontrou as mesmas imagens publicadas em 9 de maio de 2018 em diferentes veículos de imprensa, nacionais (1, 2, 3) e internacionais.

A AFP também cobriu o caso, informando que em 9 de maio deputados iranianos queimaram "uma bandeira americana de papel e uma cópia do acordo sobre o programa nuclear na tribuna do Parlamento, aos gritos de 'morte aos Estados Unidos', um dia depois de o presidente Donald Trump anunciar a saída do pacto".

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Foto distribuída pelo Parlamento iraniano de parlamentares queimando uma bandeira norte-americana de papel em 9 de maio de 2018 em Teerã. (Divulgação)

Na época, líderes do Irã condenaram veementemente a decisão de Trump, então em seu primeiro mandato como presidente dos Estados Unidos, de se retirar do acordo nuclear iraniano e restabelecer as sanções econômicas contra o país, que haviam sido suspensas.

Concluído em Viena em julho de 2015, antes da chegada de Trump à Casa Branca, o acordo sobre o programa nuclear iraniano foi assinado pelo Irã e pelo chamado grupo “5+1” (China, Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha).

O texto previa que Teerã limitasse seu programa nuclear para garantir seu caráter civil, em troca de uma suspensão parcial e gradual das sanções internacionais que lhe eram impostas.

Referências

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