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Internautas confundem CoronaVac com ButanVac, vacina que falhou em ensaio clínico
- Publicado em 14 de fevereiro de 2025 às 19:49
- 3 minutos de leitura
- Por AFP Brasil
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“Fracasso da vacina do Doria CORONAVAC custou R$ 61, 4 milhões desperdiçados em uma vacina ineficaz. Infelizmente muita gente deu o braço pra uma furada”, diz uma publicação no Facebook.
Alegações similares circulam no X.
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O conteúdo começou a circular após o portal Metrópoles noticiar, em 10 de fevereiro, que o desenvolvimento do imunizante contra a covid-19 ButanVac, do Instituto Butantan, custou R$ 61,4 milhões ao governo de São Paulo.
A fabricação da vacina foi anunciada em 2021, ainda durante a pandemia do coronavírus, pelo então governador de São Paulo João Dória (PSDB).
Contudo, em agosto de 2024, o seu desenvolvimento foi interrompido após os ensaios clínicos não apresentarem “pré-requisitos de sucesso estabelecidos”.
Mas, além de terem nomes diferentes, as vacinas não contam com a mesma tecnologia de produção, e a CoronaVac tem eficácia comprovada.
Eficácia de 50%
Em janeiro de 2021, o Governo do Estado de São Paulo informou que a CoronaVac possuía eficácia geral de 50,38%, chegando a 77,96% para casos leves da covid-19. Nesse mesmo mês, a vacina foi aprovada para uso emergencial pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Posteriormente, o imunizante teve sua eficácia novamente comprovada em diferentes estudos em diversos países (1, 2).
Em outubro de 2023, a Anvisa informou que o Butantan havia desistido de pedir o registro definitivo do imunizante para se concentrar na produção da ButanVac.
A ButanVac, por sua vez, não chegou a ser distribuída para a população, pois estava na fase 2 dos testes quando o seu desenvolvimento foi interrompido, após observarem que a resposta imunológica daqueles que receberam a vacina não foi compatível com os resultados oferecidos pelos imunizantes já disponíveis no Brasil.
“O Instituto Butantan havia discutido e acordado com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que o desempenho da candidata a vacina não deveria ser inferior ao dos imunizantes utilizados atualmente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para proteger contra a covid-19. Com isso, a instituição não dará sequência ao desenvolvimento da ButanVac”, dizia a nota do instituto em 23 de agosto de 2024.
Produção diferente
Além de possuírem nomes diferentes e de a CoronaVac ter sido distribuída à população — ao contrário da ButanVac —, outro elemento que diferencia as duas vacinas é a forma como cada uma delas foi produzida.
A ButanVac foi anunciada como uma vacina de produção brasileira de baixo custo e como resultado de um consórcio internacional, com tecnologias de universidades norte-americanas.
A CoronaVac, por outro lado, apesar de ter sido produzida pelo Butantan, contou com a parceria da biofarmacêutica chinesa Sinovac Biotech, que ofereceu a matéria-prima e a sua pesquisa.
Ambas as vacinas foram produzidas com vírus inativado, uma tecnologia em que se usa o vírus morto que se quer combater para que o corpo produza anticorpos.
Antes de o vírus ser inativado, ele é desenvolvido em algum ambiente. Enquanto a ButanVac estava sendo produzida a partir de ovos embrionados de galinha, na CoronaVac o vírus era cultivado em células.
O Checamos já verificou outros conteúdos sobre a CoronaVac (1, 2, 3).
Referências
- Notícia do Metrópoles
- Comunicado sobre interrupção do desenvolvimento da ButanVac
- Notícias sobre eficácia da CoronaVac (1, 2, 3)
- Aprovação da Anvisa para uso emergencial da CoronaVac
- Notícias sobre início da produção da ButanVac (1, 2)
- Explicações sobre tecnologia das vacinas (1, 2)