Brigadistas do Ibama que tiveram carro apreendido por indígenas estavam realizando queima prescrita

  • Publicado em 25 de setembro de 2024 às 21:43
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Em junho de 2024, um grupo de indígenas apreendeu o carro de uma equipe do Ibama e gravou um vídeo acusando os funcionários de incendiar a região do Xingu. Com a intensificação dos grandes incêndios florestais no país, a gravação voltou a circular, sendo compartilhada mais de 5 mil vezes desde 20 de setembro com a alegação de exibir um “veículo incendiário” da instituição. No entanto, a equipe do Ibama realizava uma técnica de manejo controlado do fogo, conhecida como queima prescrita. Outras comunidades indígenas do Xingu divulgaram uma nota expressando apoio à ação dos brigadistas na área.

VEÍCULO INCENDIÁRIO DO IBAMA É APREENDIDO POR INDÍGENAS”, lê-se no texto sobreposto a um vídeo que circula no Telegram, no Instagram, no Kwai e no Facebook.

Minha gente, aqui está o veículo. Ontem brigadistas estavam usando este veículo para incendiar a nossa região aqui, do outro lado do rio. Daí hoje, trouxemos isso aqui, o veículo (...) do Ibama, pegamos do Ibama”, diz uma mulher.

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Captura de tela feita em 23 de setembro de 2024 de uma publicação no Instagram (.)

O conteúdo circula em meio aos incêndios que atingem todo o Brasil. Embora o país enfrente uma seca histórica, autoridades apontam que muitas das chamas têm origem criminosa.

Contudo, os brigadistas do Ibama citados na gravação viral não estavam incendiando o Xingu.

Queima prescrita

No vídeo, é possível ver a marca d’água do perfil no TikTok de Ysani, influenciadora indígena da etnia Kalapalo que vive na região do Xingu, no Mato Grosso. Por meio de uma busca na conta dela, o Checamos localizou a gravação original, publicada em 19 de junho de 2024.

Na época, após a denúncia feita por Ysani, foi noticiado que brigadistas, também indígenas, estavam atuando na região como parte do projeto PrevFogo, do Ibama, e realizavam uma técnica chamada queima prescrita, que consiste no uso planejado do fogo para fins de conservação, pesquisa e manejo.

Em um vídeo gravado pelos brigadistas do Ibama, é possível ver que os funcionários tentaram explicar a técnica que estava sendo empregada na área, ao que Ysani respondeu: “Queima prescrita não nos interessa”.

Após a repercussão do caso, a Associação Terra Indígena Xingu e a Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso emitiram uma nota de apoio aos brigadistas do Prevfogo.

Referências

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