O afélio de 2024 está previsto para 5 de julho e não tem consequências meteorológicas
- Publicado em 5 de junho de 2024 às 21:12
- 3 minutos de leitura
- Por Manuela SILVA, AFP Uruguai, AFP Peru, AFP Brasil
- Tradução e adaptação Ezzio RAMOS
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“A partir de amanhã às 05:27 horas vivenciaremos o FENÔMENO APHELION. A Terra estará muito longe do Sol. Não podemos ver o fenômeno, mas PODEMOS sentir o seu impacto. Isso vai durar até o mês de agosto. Teremos tempo frio, MAIS DO QUE SEMPRE FRIO, o que resultará em gripe, tosse, dificuldade para respirar, etc”, diz uma das publicações compartilhadas no Facebook, no Instagram, no X e no Telegram.
As postagens, que também circulam em espanhol, afirmam que a “distância da Terra ao Sol é de 5 minutos-luz ou 90 milhões de km. O fenômeno Aphelion nos afasta 152 milhões de km do Sol, ou seja, 66% mais longe. O ar vai ficar mais frio, nosso corpo não está acostumado com essa temperatura, há uma grande diferença”.
O conteúdo também foi enviado ao WhatsApp do AFP Checamos, para onde os usuários podem encaminhar mensagens vistas em redes sociais, caso duvidem de sua veracidade.
Contudo, a mensagem, que já circulou em 2022 e 2023, apresenta dados falsos sobre o fenômeno, que não tem consequências para o clima do planeta, nem para a saúde humana.
O afélio ocorrerá em julho, não em maio
O afélio (em inglês, “aphelion”) é o fenômeno astronômico anual em que a Terra se encontra mais afastada do Sol. Ao contrário do que afirmam as publicações virais, isso não ocorre em maio ou no início de junho, mas nos primeiros dias de julho, de acordo com a Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos.
Segundo o Departamento de Aplicações Astronômicas da Marinha dos Estados Unidos, em 2024, o afélio acontecerá em 5 de julho às 5h06min GMT. Dessa vez, a distância entre o Sol e a Terra será de 152.099.968 quilômetros, de acordo com dados do Planetário de Montevidéu.
Em média, a distância entre ambos os corpos é de 150 milhões de quilômetros, o equivalente a 8,3 minutos-luz ou uma unidade astronômica (UA).
Como detalha a Nasa, “a órbita da Terra é elíptica e alcança a proximidade máxima do Sol, um periélio de 147.090.000 km, aproximadamente em 4 de janeiro de cada ano. O afélio chega seis meses depois, com 152.100.000 km”.
Além disso, a astrônoma Andrea Sánchez, mestre em Física e doutora em Biologia pela Universidade da República, no Uruguai, explicou à AFP em 2022 que a distância entre o nosso planeta e o Sol “varia muito pouco”, e que a diferença do afélio para o periélio não supera 3%.
Sánchez confirmou que este fenômeno não tem “absolutamente nenhuma” relação com o clima nem com consequências prejudiciais para a saúde humana.
“Todos os anos passamos pelo afélio” e “uma confusão muito comum [entre as pessoas] é que [elas acreditam que] as estações são determinadas pela distância entre o Sol e a Terra, e não é assim”, acrescentou.
Segundo a astrônoma, a variação de temperaturas durante as estações do ano se deve à inclinação do eixo terrestre, que “determina que o Hemisfério Sul receba mais radiação solar em uma determinada estação e o Hemisfério Norte em outra”. Contudo, ela ressaltou que há mais fatores que incidem sobre a mudança do clima, “não apenas a distância até o Sol”.