O Brasil não rompeu relações diplomáticas com Israel

Em 18 de fevereiro de 2024, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acusou Israel de cometer "genocídio" contra civis palestinos em Gaza e comparou suas ações com a campanha de Hitler para exterminar os judeus. Desde então, publicações com mais de 165 mil visualizações têm sido compartilhadas nas redes sociais com a afirmação de que os dois países romperam  relações diplomáticas. O Brasil convocou de volta ao país o embaixador brasileiro em Israel, mas o Ministério das Relações Exteriores disse à AFP que a embaixada  em Tel Aviv permanece aberta.

“Fim das relações diplomáticas BRASIL e ISRAEL”, diz a legenda de publicações no Instagram, no TikTok e no Kwai. Conteúdo semelhante circula no Facebook e no X.

A alegação também foi compartilhada em inglês.

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Captura de tela feita em 28 de fevereiro de 2024 de uma publicação no TikTok (.)

O conteúdo circula no contexto da guerra entre Israel e o Hamas. O ataque do Hamas em 7 de outubro matou mais de 1.160 pessoas em Israel, a maioria delas civis, de acordo com um levantamento da AFP baseado em números oficiais israelenses.

Em resposta, Israel lançou uma ofensiva aérea e terrestre em Gaza que deixou mais de 30 mil palestinos mortos até agora, a grande maioria civis, segundo o último balanço do Ministério da Saúde do governo do Hamas.

Em uma viagem à Etiópia, em 18 de fevereiro, para a cúpula anual da União Africana, Lula declarou que a ofensiva de Israel contra o movimento islamista Hamas em Gaza era um “genocídio”.

“O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu: quando Hitler resolveu matar os judeus”, afirmou o mandatário brasileiro.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que Lula havia cruzado “uma linha vermelha” com seus comentários. 

A fala de Lula repercutiu mundialmente e o governo de Israel declarou o presidente brasileiro como “persona non grata”. Em meio à tensão entre os países, o embaixador brasileiro em Israel foi convocado e deputados da oposição iniciaram uma campanha para a abertura de um processo de impeachment contra o petista, mas os dois países não cortaram todos os laços diplomáticos, como sugerem as publicações nas redes sociais.

“Convocamos nosso embaixador, mas isso não significa o fim de todas as relações diplomáticas entre Israel e o Brasil”, disse um assessor de imprensa do Ministério das Relações Exteriores do Brasil à AFP em 27 de fevereiro, acrescentando que a embaixada do país em Tel Aviv está aberta.

Até a publicação deste texto, tampouco há notícias de que o embaixador israelense no Brasil, Daniel Zonshine, tenha sido convocado por seu país.

A AFP contatou as embaixadas de Israel em São Paulo e Washington, mas não obteve respostas até a publicação deste texto.

Vários países, incluindo a África do Sul e a Turquia, retiraram os seus embaixadores de Israel desde o início da guerra. Poucos chegaram ao ponto de suspender todas as relações diplomáticas com Israel.

O Brasil, a Colômbia e a Bolívia apoiaram a denúncia da África do Sul contra Israel na Corte Internacional de Justiça em Haia, alegando que o ataque a Gaza descumpria a Convenção para a Prevenção de Genocídios.

O Checamos já verificou outros conteúdos sobre o conflito Israel-Hamas.

Referências

Corrige o nome do embaixador de Israel no Brasil
4 de março de 2024 Corrige o nome do embaixador de Israel no Brasil

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