Vídeo mostra operação da PF contra garimpo ilegal no Rio Madeira, não atentado do MST
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- Publicado em 27 de outubro de 2022 às 19:37
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- Por AFP Brasil
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“FAZENDA DO LULARÁPIO NO PARÁ, BALSA EXPLODE COM FUNCIONÁRIOS DA FAZENDA QUE SÃO BOLSONARISTAS”, diz um dos conteúdos que circulam no Twitter, Facebook e TikTok.
A gravação também foi encaminhada ao WhatsApp do AFP Checamos, para onde os usuários podem enviar conteúdos vistos em redes sociais, caso duvidem de sua veracidade.
No Kwai, o conteúdo também circula atrelado à alegação de que os responsáveis pelo suposto crime seriam integrantes do MST.
Uma busca reversa pelo vídeo no Google Lens usando a ferramenta InVID We Verify* trouxe como resultado uma reportagem do último dia 12 de outubro do jornal O Globo ilustrada com as mesmas imagens e intitulada: “Vídeo mostra protesto de moradores contra destruição de balsa de garimpo ilegal no Rio Madeira”.
O vídeo também foi publicado no canal do YouTube do veículo, com a legenda: “Moradores protestaram contra destruição de balsa de garimpo ilegal no Rio Madeira”.
Com base nessas informações, a AFP entrou em contato com a Polícia Federal de Rondônia, que confirmou, em 26 de outubro de 2022, que as imagens referem-se à operação “Lex Et Ordo”, deflagrada e noticiada em 12 de outubro.
Segundo a nota enviada à imprensa, a ação teve como objetivo “desestruturar organizações criminosas que lucram causando imensos prejuízos ambientais com atividades ilegais de mineração”, que incluem destruição da vegetação ribeirinha e contaminação das águas e dos peixes por mercúrio.
O texto da Polícia Federal acrescenta:
“A operação consistiu na fiscalização, por parte do IBAMA, das embarcações que se encontravam no leito do Rio Madeira. Após a constatação de diversas irregularidades e observando se tratar da estrutura que permite a realização de atividades de garimpo ilegal, foi necessária a adoção de medidas para a inutilização dos equipamentos irregulares”.
Em contato com a AFP em 26 de outubro, a PF de Rondônia acrescentou que, “obviamente, essas balsas estavam vazias”.
Filmagem foi gravada em Rondônia, e não no Pará
Diferentemente do que alegam as publicações, segundo as quais as imagens teriam sido gravadas em uma fazenda de Lula ou de seus filhos no Pará, a Polícia Federal de Rondônia informou à AFP que “todas as explosões aconteceram numa região chamada ‘Baixo Rio Madeira’”, na região de Porto Velho.
"Nenhuma dessas balsas foi explodida em área particular”, afirmou a PF.
A PF-RO também enviou à AFP outros vídeos da operação, nos quais é possível ver a data 12/10/2022 - escrita no padrão no qual o mês vem antes do dia - e as coordenadas S 8º 30' 31' W 63º 35' 11''. O local corresponde a um ponto próximo a Porto Velho, a mais de 2 mil quilômetros da região central do Pará.
Em setembro de 2021, a assessoria do ex-presidente Lula já havia afirmado à AFP que “nenhum filho de Lula é dono de nenhuma propriedade rural. Lembrando que Lula e seus filhos já tiveram todos os seus sigilos quebrados e não são proprietários de nenhuma fazenda ou cabeça de gado”.
Na declaração de bens de Lula, disponibilizada pelo TSE, tampouco constam fazendas ou propriedades rurais. Além de aplicações financeiras, participações em uma empresa, automóveis e apartamentos, a lista de bens declarados do candidato traz somente dois terrenos, sem especificação de localização, avaliados em R$ 130 mil e em R$ 2,7 mil reais.
A AFP já desmentiu outros conteúdos que faziam alusão a propriedades rurais de Lula e seus filhos.
Verificação semelhante foi feita pelo Fato ou Fake e por Aos Fatos.