O presidente Donald Trump e o ex-vice-presidente Joe Biden durante o primeiro debate eleitoral de 2020 nos Estados Unidos, em Cleveland, Ohio, em 29 de setembro
(Morry Gash / POOL / AFP)

O primeiro debate presidencial de 2020 nos Estados Unidos verificado

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e seu adversário democrata, Joe Biden, se enfrentaram em 29 de setembro no primeiro debate presidencial de 2020 diante das eleições de 3 de novembro. A seguir, a AFP verificou os temas-chave que foram abordados.

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Caixas com envelopes de votação no escritório eleitoral do condado de Mecklenburg, em Charlotte, na Carolina do Norte, em 4 de setembro de 2020

Pode haver fraude no voto por correio?

Trump afirmou que o voto por correio pode implicar na existência de um nível de fraude “como nunca se viu”, ao que Biden respondeu: “Ninguém estabeleceu que há fraude em votos por correio”.

Em maio, Ellen Weintraub, da Comissão Federal Eleitoral (FEC, na sigla em inglês), disse no Twitter que “não há base para a teoria da conspiração de que o voto por correio pode levar à fraude”.

Em setembro, o diretor do FBI, Christopher Wray, testemunhou diante de uma comissão do Senado afirmando que todas as ameaças relacionadas à eleição são levadas “a sério”.

“Não vimos, historicamente, qualquer tipo de esforço nacional coordenado para cometer fraude em uma grande eleição, seja por correio, ou de outra forma”, indicou Wray.

Max Feldman, especialista eleitoral do Brennan Center for Justice, disse à AFP: “o voto pelo correio tem sido um componente seguro do nosso sistema eleitoral por muitos anos”.

Essa não é a primeira vez que Trump questiona o voto por correio. Nos últimos meses, o presidente tem publicado polêmicos tuítes, como este: “Não há forma (zero!) de que os votos por correio sejam menos do que substancialmente fraudulentos”.

Estima-se que milhares de norte-americanos recorrerão ao voto por correio nas eleições de 3 de novembro para evitar deslocamentos aos centros de votação, em meio à pandemia de covid-19, que até 29 de setembro havia deixado mais de 205 mil mortos nos Estados Unidos, o registro mais elevado do mundo.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante o primeiro debate presidencial em Cleveland, Ohio, em 29 de setembro de 2020

O balanço econômico do governo Trump

Trump afirmou que seu governo “construiu a melhor economia da história”, uma afirmação que repetiu em reiteradas ocasiões desde que está na Casa Branca. Mas isto é enganoso.

O balanço econômico do governo de Trump tem sido afetado pela crise gerada pela pandemia de covid-19. As pesquisas, no entanto, seguem devolvendo uma imagem positiva do chefe de Estado, quando perguntam aos eleitores em quem mais confiam para criar emprego e gerar crescimento.

Isto se deve, entre outros pontos, a uma redução de impostos e uma alta nos mercados de ações, o que impulsionou os fundos de aposentadoria. O discurso de Trump sobre a economia tende à hipérbole.

O Produto Interno Bruto (PIB) e as cifras de empregos são os principais indicadores sobre a saúde da economia.

A favor de Trump está o fato do desemprego ter chegado ao mínimo em 50 anos em dezembro de 2019, quando estava em 3,5%.

Não obstante, entre 2017 e 2019, a economia somou 6,5 milhões de empregos, diante dos mais de oito milhões de postos de trabalho criados durante os três primeiros anos de governo de Barack Obama.

A crise pela pandemia pulverizou o mercado de trabalho: em abril, a taxa de desemprego chegou a 14,7%, em agosto, foi de 8,4%.

O ano da Presidência de Trump em que a economia alcançou maior dinamismo foi 2018, quando se expandiu 3%. Em 2015, o governo de Obama havia conseguido um crescimento da economia de 3,1%.

Em 2004 e 2005, durante o governo do presidente republicano George W. Bush, a economia cresceu 3,8% e 3,5%, respectivamente.

Nenhum dos três presidentes, entretanto, se aproximou dos níveis históricos das décadas de 1950 e 1960, que tiveram anos com um crescimento superior a 5% anual.

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Trabalhadora da área de saúde descansa em um posto de teste de covid-19 em Los Angeles, Califórnia, em 29 de setembro de 2020

A resposta de Trump ao novo coronavírus

Biden acusou Trump de esconder o perigo do novo coronavírus. Isto é verdade.

Em fevereiro de 2020, Trump disse ao jornalista investigativo Bob Woodward que o vírus era uma “coisa mortal”.

O presidente sabia que o vírus era perigoso, mas não admitiu em suas declarações públicas, nas quais, ao contrário, minimizou os riscos.

Em 27 de fevereiro, Trump afirmou que o risco para os norte-americanos era “muito baixo” e que o número de casos seria próximo de zero. Depois, em 9 de março, comparou-o com uma gripe comum.

Dez dias depois disse a Woodward: “Sempre quis minimizar a sua importância. Ainda gosto de minimizá-lo, porque não quero criar pânico”.

Embora Trump destaque os avanços para obter uma vacina, o calendário de “semanas” que maneja é questionável.

O epidemiologista Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (NIAID) e consultor da Casa Branca, assegurou: “Esperamos, à medida que avançamos para o fim deste ano, ou para o início de 2021, termos ao menos uma resposta se a vacina, ou vacinas, no plural, são seguras e eficazes”.

Trump também promoveu tratamentos ineficazes (1, 2), se não potencialmente danosas, e atrasou o uso generalizado de máscaras (1, 2), apesar da existência de estudos sobre a sua eficácia para frear a propagação do vírus.

O plano para fazer frente ao novo coronavírus de Joe Biden, por sua vez, propõe a ampliação do acesso aos testes gratuitos, algo que foi realizado, apesar dos atrasos na entrega de resultados em algumas regiões, e que Trump tenha responsabilizado esta iniciativa pelo aumento do número de contaminados.

Entre outras medidas, o ex-vice-presidente também defende a aceleração do desenvolvimento de tratamentos e vacinas, o que está sendo feito, e que seja promulgada uma “resposta econômica decisiva” para ajudar as pessoas e as pequenas empresas afetadas pela crise.

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