Não há comprovação de que as reações adversas notificadas à Anvisa foram causadas pelas vacinas

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  • Publicado em 18 de junho de 2021 às 21:05
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  • Por AFP Brasil
Publicações compartilhadas centenas de vezes nas redes sociais desde o último dia 14 de junho afirmam que as reações adversas às vacinas contra o novo coronavírus no Brasil somam 4.900 notificações à Anvisa, com 29% deste total sendo de reações graves. O conteúdo, no entanto, é enganoso, já que os sintomas relatados e reunidos pela Anvisa não foram comprovadamente causados pelas vacinas, como explica a própria agência reguladora.

“Reações adversas de vacinas somam 4.900 notificações e 399 mortes suspeitas. As notificações graves foram 29% de acordo com o painel de acompanhamento da Anvisa”, diz a manchete que foi compartilhada centenas de vezes no Twitter (1, 2, 3), Facebook (1, 2, 3) e Instagram (1, 2, 3). 

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Captura de tela feita em 16 de junho de 2021 de uma publicação no Twitter

Os dados foram checados no último dia 16 de junho e batem com os números que haviam sido registrados no Painel de Notificações de Farmacovigilância da Agência até o dia 06 de junho de 2021. Até o último 18 de junho, as notificações de reações adversas somaram 5.698.

Entretanto, a própria Anvisa deixa claro que tais notificações são apenas suspeitas de eventos adversos e que não é possível ter certeza de que estejam relacionados ou que tenham sido causados pelo medicamento ou vacina em questão. 

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Captura de tela feita em 16 de junho de 2021 do Painel de Notificações de Farmacovigilância da Anvisa

A agência ressalta que os dados reunidos no painel não necessariamente apresentam relação de causalidade estabelecida entre os medicamentos e vacinas analisados e os sintomas relatados.

“Deve-se considerar a possibilidade de que os eventos adversos tenham ocorrido devido a outros fatores como, por exemplo, a própria doença de base para a qual o medicamento está sendo usado, doenças subjacentes, interação entre dois ou mais medicamentos que o paciente esteja utilizando, etc”, diz o site.

Procurada pela AFP, a Anvisa acrescentou que estudos de farmacovigilância mostram que as vacinas são seguras e mantêm relação risco-benefício favorável: “A maioria das reações notificadas até o momento são reações leves e moderadas que envolvem dor no corpo, dor de cabeça, dor no local da aplicação e febre. Também ocorrem leves fadigas, diarréias e mal estar em menor número. Nem todo mundo apresenta estas reações, que acontecem em geral no primeiro e segundo dia após a primeira dose”.

Ainda em resposta enviada à AFP no dia 16 de junho, a Anvisa destacou que as vacinas autorizadas estão em constante monitoramento, e que notificações de eventos adversos são importantes para compor a análise da relação benefício-risco dos medicamentos e imunizantes aprovados.

As notificações contidas na plataforma da agência têm como base os dados do sistema VigiMed, por meio do qual cidadãos e profissionais de saúde podem relatar eventos adversos a medicamentos e vacinas.

Apesar de terem recebido o aval da Anvisa e de especialistas, a segurança e a eficácia das vacinas contra a covid-19 têm sido debatidas nas redes sociais e já foram, inclusive, questionadas pelo presidente Jair Bolsonaro em mais de uma ocasião. O presidente já afirmou, por exemplo, que não iria se vacinar por já ter contraído anteriormente a covid-19, contrariando o que dizem médicos e cientistas. Confira aqui a checagem completa a respeito da declaração.

Notificações vs. Doses Aplicadas

No Brasil, já foram aplicadas mais de 81,5 milhões de doses das vacinas contra a covid-19 até 16 de junho, segundo o site do Ministério da Saúde. De acordo com os números do consórcio de veículos da imprensa, mais de 58 milhões de pessoas haviam tomado ao menos uma dose da vacina até o mesmo dia.

Isso significa que o total de notificações de suspeitas de reações adversas de todas as vacinas contra a covid-19 reportadas à Anvisa (4.900) são equivalentes a 0,0084% do total de pessoas que receberam pelo menos uma dose.

Até o dia 18 de junho, o Brasil registrou mais de 496.000 mortes causadas pela covid-19, segundo o Ministério da Saúde.

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