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Lojas do Carrefour ficaram temporariamente fechadas em respeito à morte de cliente espancado
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- Publicado em 29 de novembro de 2020 às 18:35
- 3 minutos de leitura
- Por AFP Brasil
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“Carrefour fechou hoje em Porto Alegre, demitidos 783 pessoas. Agradeçam a Manuela D’Ávila. Agenda comunista aplicada com sucesso”, afirmam postagens compartilhadas milhares de vezes no Facebook (1, 2, 3), dias após a morte de João Alberto Freitas, espancado por seguranças do supermercado Carrefour em Porto Alegre, em 19 de novembro.
A afirmação, que atribui o fechamento da loja e as demissões de funcionários à candidata à Prefeitura de Porto Alegre pelo PCdoB, Manuela D’Ávila, também circulou no Instagram (1, 2, 3) e Twitter (1, 2).
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O Checamos entrou em contato com a assessoria de imprensa do Grupo Carrefour que, por e-mail, assinalou que a alegação não procede: “O que ocorreu foi o fechamento da loja de Porto Alegre na quinta-feira, 26/11, em respeito ao ocorrido no caso do Sr João Alberto. Além do fechamento de todas as outras lojas no país até às 14h no mesmo dia”.
Na própria quinta-feira, o Carrefour publicou uma nota em suas páginas no LinkedIn e Twitter anunciando esta ação.
Um vídeo gravado com um celular por uma testemunha e divulgado pela imprensa e nas redes sociais capta o momento em que João Alberto Freitas, um soldador de 40 anos, foi agredido com vários socos por um dos seguranças enquanto o outro o mantinha imobilizado.
Um dia após a sua morte, o grupo anunciou que iria romper o contrato com a empresa responsável pelos seguranças e demitir o funcionário que estava gerenciando a loja de Passo D’Areia, em Porto Alegre, no momento da agressão.
Diversas manifestações foram realizadas desde então não apenas em Porto Alegre, como também no Rio de Janeiro e em São Paulo.
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As publicações também mencionam a candidata à Prefeitura de Porto Alegre Manuela D’Ávila, que, em 29 de novembro, disputava o segundo turno com Sebastião Melo (MDB), como uma das responsáveis pelos supostos fechamentos e demissões na rede de supermercados.
A candidata do PCdoB, de fato, participou de um protesto pela morte de João Alberto e se posicionou em sua conta no Twitter contra a ação dos seguranças, mas não há registros de que tenha tido qualquer envolvimento em uma eventual decisão do grupo Carrefour.
Segundo a última pesquisa Ibope de intenção de voto, divulgada em 28 de novembro, Manuela tinha 51% dos votos válidos, enquanto Melo aparecia com 49%.
Atualmente, a cidade de Porto Alegre é governada por Nelson Marchezan Júnior, do PSDB, que tentou a reeleição, mas ficou em terceiro lugar no primeiro turno das municipais com 21% dos votos.
Este conteúdo também foi checado pelas equipes do Aos Fatos, Agência Lupa e Boatos.org.
Em resumo, é falso que o Carrefour tenha fechado uma loja em Porto Alegre e demitido mais de 780 funcionários depois que um cliente negro foi morto após ser espancado. Em nota à AFP, o grupo confirmou que um de seus estabelecimentos na capital gaúcha ficou fechado durante todo o dia 26 de novembro em respeito à morte de João Alberto, enquanto o restante das lojas no país abriu após às 14h.