Homens detidos em fotos não são líderes do PSOL que tentavam comprar votos em Belém
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- Publicado em 29 de novembro de 2020 às 22:06
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- Por AFP Brasil
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“Acaba de ser presos lideranças do Psol com um milhão de reais comprando votos na Marambaia”, diz texto compartilhado mais de 300 vezes no Facebook (1, 2, 3) e Twitter, junto a até cinco imagens de homens sendo detidos por agentes policiais, de notas de dinheiro e de um caderno com nomes e valores.
Algumas versões dão mais detalhes sobre o suposto destino do dinheiro. “Presos no bairro Marambaia, em Belém, lideranças do PSOL, com mais de R$1 milhão destinado a compra de votos para o candidato Edmilson Rodrigues”, escreveu um usuário, citando o nome do candidato que concorre à Prefeitura da capital do Pará por este partido.
O conteúdo começou a circular um dia antes do segundo turno das eleições municipais, no qual o PSOL disputa, além da Prefeitura de Belém, a liderança da cidade de São Paulo, com Guilherme Boulos.
Uma busca reversa no Google pelas imagens compartilhadas nas redes leva, contudo, a múltiplas reportagens (1, 2, 3) que informam que se trata da detenção, em Caucaia, no Ceará, do irmão do prefeito e candidato à reeleição pelo PSD Naumi Amorim, em 28 de novembro.
Segundo os artigos, entre os homens também estavam secretários municipais de Caucaia, que foram detidos com dinheiro escondido nas roupas sob suspeita de crime eleitoral.
Ao AFP Checamos, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) do Ceará confirmou que a Polícia Civil do estado realizou a abordagem de um veículo suspeito em Parque Potira, Caucaia, e “apreendeu dinheiro e outros objetos indícios de crime eleitoral” na véspera do segundo turno.
O órgão não informou qual partido estava envolvido na suspeita, mas em imagens da operação publicadas na mídia é possível identificar nitidamente o número 55, do PSD, na camisa de um dos homens detidos.
Abaixo, uma comparação entre uma das fotos compartilhadas nas redes e a imagem em que é possível ler o número do partido:
Uma busca no Google Maps pelo estabelecimento Nobretec, que pode ser visto na imagem viralizada acima, permite identificar a rua exata em que foram feitas as fotos compartilhadas nas redes, efetivamente em Caucaia, Ceará, e não em Marambaia, Belém.
Em um vídeo da operação publicado no Twitter é possível ver, além disso, a placa de um dos veículos detidos, que começa com as letras “OCG”, o que indica que o carro foi emplacado no Ceará.
O PSOL não disputa o segundo turno em Caucaia, que é realizado entre o candidato do PSD e Vitor Valim, do PROS. A legenda tampouco faz parte das coligações que apoiam estes candidatos, que podem ser consultadas em seus sites oficiais (1, 2).
Uma busca no Google e no site da Polícia Federal não localiza, além disso, qualquer registro de que integrantes do PSOL estejam sendo investigados por compra de votos em Marambaia, Belém, como alegam as postagens.
Contactada por telefone pelo AFP Checamos, a Polícia Federal no Pará afirmou não ter recebido nenhuma denúncia do tipo contra lideranças do partido.
No Twitter, o PSOL de Belém classificou a informação que circula nas redes como “falsa”: “A notícia verdadeira é do Estado do Ceará e de outro partido que nada tem a ver com o PSOL”.
Em resumo, é falso que as imagens compartilhadas nas redes mostrem integrantes do PSOL presos comprando votos em Marambaia, Belém, na véspera do segundo turno das eleições municipais. As fotos foram feitas durante uma ação da Polícia Civil do Ceará na cidade de Caucaia que, segundo reportado pela mídia, visou integrantes da campanha de um candidato do PSD.