Menina em vídeo viral não morreu devido à vacina, e sim a explosão na Síria em outubro de 2021
- Este artigo tem mais de um ano
- Publicado em 18 de janeiro de 2022 às 16:23
- 3 minutos de leitura
- Por SHIM Kyu-Seok, AFP Coreia do Sul, AFP Brasil
- Tradução e adaptação Rosario MARINA
Copyright © AFP 2017-2024. Qualquer uso comercial deste conteúdo requer uma assinatura. Clique aqui para saber mais.
“Uma criança de 11 anos morre após receber a picada mortal. Genocídio infantil”, diz uma das publicações que circularam no Facebook (1, 2, 3) e no Twitter (1, 2).
Algumas das postagens também afirmam que a gravação mostraria um “menino de 11 anos” que morreu em um centro de vacinação (1, 2, 3).
A filmagem foi igualmente compartilhada em espanhol, coreano, inglês e polonês.
Uma busca reversa no Google mostrou que as imagens originais foram publicadas em 11 de outubro de 2021 no perfil no Twitter de Ali Haj Suleiman, um fotógrafo que cobre o conflito na Síria. A publicação indica que o vídeo foi filmado em Idlib, no noroeste do país.
Suleiman negou as afirmações de que as imagens mostram uma criança que morreu depois de receber uma vacina contra a covid-19, como assegura em um tuíte de 6 de janeiro de 2022.
“Este vídeo anexado abaixo, filmado em Ariha-Idlib, circula nas redes sociais no Brasil como se fosse uma criança que morreu depois de receber a vacina CV19 em diferentes áreas do mundo”, avisou Suleiman, que explicou: “Era de uma menina que foi assassinada em 20/10/2021 como resultado de um bombardeio causado pela guerra do regime sírio”.
This video attached below, I filmed in Ariha-Idlib,is circulated on social media in Brazil as a child died after receiving CV19 vaccine in different areas around world. It was of a girl who was killed on20/10/2021 as a result of the bombing caused by the Syrian regime war. https://t.co/gBoaFTkUiypic.twitter.com/oQ6kzjHV3Y
— Ali Haj Suleiman (@AliHajSuleiman) January 6, 2022
A AFP reportou sobre o bombardeio em outubro de 2021: “O exército bombardeou o reduto rebelde de Idlib e matou 13 pessoas - incluindo 10 civis - e um combatente, informou o OSDH. Segundo o Unicef, uma professora e quatro crianças que estavam a caminho da escola morreram”.
O Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) informou então que o ataque ocorreu em uma área movimentada na localidade de Ariha, e que dentre os mortos estavam duas crianças. O bombardeio, que atingiu a cidade devastada pela guerra em um momento em que as crianças se dirigiam à escola, também feriu ao menos 26 pessoas, segundo o relato do ataque.
A Organização das Nações Unidas (ONU) e a Human Rights Watch também publicaram relatos sobre o ataque.
Vacinação na Síria
“As crianças na Síria não receberam vacinas contra a covid-19”, disse em 11 de janeiro de 2022 à AFP Juliette S. Touma, porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), que apoia o fornecimento de vacinas na Síria.
Um informe do Unicef publicado no final de outubro de 2021, após a divulgação do vídeo original, afirma que, na época, apenas pessoas de 30 anos ou mais haviam sido vacinadas na Síria.
“As baixíssimas taxas de vacinação na Síria se devem à baixa disponibilidade da vacina”, indica o documento.