A foto que circula de uma mulher em uma festa não mostra a ativista indígena Txai Suruí
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- Publicado em 11 de novembro de 2021 às 22:44
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- Por AFP Brasil
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“Olha aí a 'índia brasileira' que foi falar mal do seu país lá fora, fantasiada de ‘indígena vip’. Essa é a verdadeira fantasia dela: esquerdista gourmet, índia nas horas vagas”, diz o texto que acompanha as imagens viralizadas no Twitter, no Facebook (1, 2, 3) e no Instagram (1, 2).
As publicações viralizaram no âmbito da COP26, que ocorre desde 31 de outubro até 12 de novembro de 2021. Lideranças mundiais do setor público e privado, assim como ativistas, reúnem-se na conferência em Glasgow, na Escócia, para discutir sobre mudanças e outras questões climáticas.
Mas os conteúdos mostram duas mulheres diferentes.
O Checamos encontrou postagens (1, 2) com colagens de fotos da jovem em uma festa: em uma das imagens é possível identificar o nome de usuário, @aurora_lincoln2. Mas esse nome não corresponde ao perfil da ativista indígena, Walelasoetxeige Paiter Bandeira Suruí, conhecida como Txai Suruí e que utiliza o perfil @txaisurui no Instagram e @walela15 no Twitter.
A partir de uma busca no Instagram pelo nome do perfil que apareceu nas imagens, foram encontrados os registros viralizados, publicados nos dias 11 e 17 de outubro de 2021, com as localizações em Praia da Guia e Casarão Colonial, em São Luís, no Maranhão.
Em uma publicação feita no mesmo dia 11 de outubro por outro perfil no Instagram ⎼ identificando a mesma conta da mulher nas fotos viralizadas ⎼ é possível vê-la com uma roupa igual à das fotos viralizadas e com as mesmas tatuagens no abdômen e no ombro.
Buscas reversas realizadas pelo Checamos pela imagem da mulher contida nas publicações viralizadas não trouxeram resultados anteriores ao dia 11 de outubro.
O Checamos entrou em contato com Aurora Lincoln, a quem pertence o perfil utilizado nas publicações viralizadas. Por telefone, ela confirmou ser a pessoa que aparece nas fotos viralizadas e disse que “nunca entendeu” o motivo de ter sido vinculada à ativista indígena.
Passagem pela COP26
No dia 1º de novembro de 2021, Txai Suruí participou do discurso de abertura da conferência promovida pela ONU, onde falou sobre temas como a proteção das florestas e dos povos indígenas no Brasil. “Os povos indígenas estão na linha de frente da emergência climática, por isso devemos estar no centro das decisões que acontecem aqui. Nós temos ideias para adiar o fim do mundo”, disse a jovem.
Após a fala da ativista, veículos de imprensa reportaram que o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, durante uma conversa com apoiadores, teria criticado indiretamente o discurso dela (1, 2, 3).
Em entrevista à AFP, Suruí falou sobre ataques e mensagens de ódio que recebeu após ter discursado na COP26: "Estou recebendo várias mensagens racistas e mensagens de ódio porque eles não gostam que a gente venha aqui e fale a realidade do Brasil. Eu não tenho medo porque, na verdade, a nossa realidade e a realidade dos povos indígenas no Brasil é muito mais perigosa do que as mensagens na internet".
O Checamos já verificou diversas alegações relacionadas a mudanças climáticas e à COP 26 (1, 2).
Verificação semelhante foi feita pelo Estadão Verifica e pelo Fato ou Fake.