A mulher detida em um shopping na França participava de um protesto contra o passe sanitário

Um vídeo visualizado mais de 30 mil vezes desde 6 de setembro de 2021 nas redes sociais circula com a alegação de que a Polícia francesa reprimiu uma mulher que entrou em um shopping center sem o passaporte de vacinação. Mas essa afirmação é enganosa. Na verdade, o registro mostra uma ação policial ocorrida no contexto de uma manifestação contra esse passe sanitário exigido na França para controlar a pandemia de covid-19.

“Traficante? Terrorista? Mulher-bomba? Não, a Polícia francesa correndo para CAÇAR uma francesa que entrou no shopping sem o passaporte da vacina”, diz uma das publicações compartilhadas no Facebook (1, 2, 3), no Instagram (1, 2) e no Twitter.

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Captura de tela feita em 8 de outubro de 2021 de uma publicação no Facebook ( . / )


No entanto, a perseguição policial não aconteceu porque a mulher entrou no shopping sem o passaporte de vacinação, mas derivou de uma manifestação contra a exigência desse comprovante, ocorrida em 4 de setembro de 2021 em várias cidades da França.

A AFP informou na época que durante essa mobilização em Paris alguns manifestantes entraram no shopping Westfield Forum des Halles, sendo detidos pela polícia: “Manifestantes isolados se infiltraram no centro comercial Halles pouco antes das 17h00, o que causou uma intervenção policial”. O fato também foi noticiado por outros veículos da mídia francesa (1, 2) e o registro viralizado foi compartilhado no Twitter (1, 2) na mesma data do protesto.

Dois dias depois, a Polícia francesa emitiu um comunicado no qual explicou que os manifestantes que entraram no shopping se desviaram do roteiro estabelecido e incomodaram um guarda, o que motivou a intervenção da Brigada de Repressão a Atos Violentos (Brav).

Os passaportes sanitários franceses são documentos digitais que comprovam que o indivíduo está totalmente imunizado, que tem resultado negativo de um teste de covid-19 ou que contraiu a doença nos últimos seis meses. Nos dois últimos casos, a pessoa pode entrar em locais públicos sem estar vacinada.

No dia 8 de setembro, o governo francês reduziu de 178 para 64 o número de shopping centers onde esses passes sanitários são exigidos.

Desde então, os shoppings da maioria das regiões francesas, incluindo quase toda a Île-de-France, onde fica Paris, deixaram de solicitar o documento, desde que o número de casos covid-19 no departamento não ultrapasse a taxa de 200 infectados por 100.000 habitantes por sete dias consecutivos.

No site do Westfield Forum des Halles consta que o passe sanitário não é obrigatório, sendo exigido, desde 9 de agosto, somente no acesso a salas de cinema e restaurantes.

No Brasil, o passaporte de vacinação, implementado em algumas cidades (1, 2), também tem sido alvo de polêmicas. O presidente Jair Bolsonaro já se manifestou contrariamente à medida e, no último 30 de setembro, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, decidiu pela autonomia dos prefeitos para decidirem sobre esse tipo de restrição.

Esse conteúdo também foi verificado pela Agência Lupa, pelo Aos Fatos e pelo Boatos.org.

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