O aumento da cooperação acadêmica com o norte da África não implica sua inclusão no programa Erasmus+
- Publicado em 19 de dezembro de 2025 às 20:34
- 2 minutos de leitura
- Por Gaëlle GEOFFROY, Pierre MOUTOT, Déborah CLAUDE, AFP França
- Tradução e adaptação Cristina ALONSO PASCUAL , AFP España , AFP Brasil
O programa Erasmus+, criado em 1987 pela União Europeia (UE), tem por objetivo o intercâmbio internacional de estudantes universitários. Quase quatro décadas depois, posts nas redes sociais que acumulam milhares de interações desde 21 de outubro de 2025 afirmam que a UE anunciou a expansão do projeto “para o Norte da África e o Oriente Médio”. No entanto, embora a UE planeje aumentar a cooperação para essas regiões — com as quais já colabora —, isso não implica sua integração ao Erasmus+, afirmou a Comissão Europeia à AFP.
“Bruxelas anuncia a expansão do programa Erasmus para o Norte da África e o Oriente Médio com 42 bilhões de euros para facilitar a chegada em massa de imigrantes” é a frase em espanhol sobreposta a um post compartilhado no Facebook. De acordo com a publicação isso “incluirá milhares de estudantes de países como Marrocos, Tunísia e Egito”.
Conteúdo semelhante, que sugere a expansão do programa para essas regiões, circula no Instagram, no TikTok, no Reddit no X e em outros idiomas, como inglês, francês e espanhol.
Uma pesquisa no Google por essas palavras exibiu um artigo, publicado em 20 de outubro de 2025, pelo site La Gaceta de la Iberosfera – verificado anteriormente pela AFP (1, 2).
Em 16 de outubro de 2025, a União Europeia apresentou o Pacto para o Mediterrâneo, com o objetivo de fortalecer “cooperação e as ligações econômicas em todo o mar Mediterrâneo”.
Entre seus objetivos, o projeto visa “promover o ensino superior e a formação profissional através da criação de uma Universidade Mediterrânica e do reforço dos programas técnicos e profissionais existentes”.
Mas a UE não anunciou a extensão do Erasmus+ ao Oriente Médio e ao Norte da África.
Os países mencionados no conteúdo viralizado (Marrocos, Tunísia e Egito) fazem parte de um grupo de dez Estados do Mediterrâneo Meridional que cooperam com a UE na área acadêmica.
De acordo com o site da Comissão Europeia, esses países “podem participar em determinadas ações do programa, sujeitos a condições ou critérios específicos”.
Embora o Pacto Mediterrâneo tenha como objetivo aumentar a cooperação com esses países, ele não prevê a sua plena integração no programa de intercâmbio internacional mencionado nos posts viralizados. “Esta participação não equivale à adesão plena ao programa Erasmus+”, afirmou a Comissão Europeia à AFP em 29 de outubro de 2025.
Sem orçamento definido
O Pacto para o Mediterrâneo não possui medidas específicas nem financiamento próprio. Os 42 bilhões de euros mencionados em algumas publicações virais referem-se ao investimento total previsto pela União Europeia para o Oriente Médio, Norte da África e países do Golfo no período de 2028-2034, do qual o Pacto para o Mediterrâneo “terá como objetivo se beneficiar”, segundo a Comissão.
Por outro lado, o intercâmbio acadêmico internacional não consiste em “imigração”, mas sim em “alianças entre instituições de ensino superior, principalmente, que visam aprimorar a cooperação”, disse à AFP em 27 de outubro a economista Ekrame Boubtane, da Escola de Economia de Paris e especialista nos efeitos econômicos da migração.
Em 11 de dezembro de 2025, a AFP encaminhou o conteúdo viralizado para o Serviço Espanhol para a Internacionalização da Educação (Sepie), que negou ter recebido “qualquer informação desse tipo”.
“O Órgão Autônomo que administra o Programa Erasmus+ (Sepie) não possui informações sobre iniciativas da Comissão Europeia que possam estar em processo de negociação no âmbito comunitário como a mencionada [pelos usuários]”, afirmou.
Referências
- Pacto para o Mediterrâneo
- Estados do Mediterrâneo Meridional que cooperam com a UE e países elegíveis
- Comunicado ao Parlamento Europeu
- Orçamento da Comissão Europeia para 2028-2034 (1, 2)
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