Pesquisa não mostrou que a Argentina é o país “mais racista” da América do Sul
- Publicado em 22 de dezembro de 2025 às 16:35
- 3 minutos de leitura
- Por Agustin BAGNASCO, AFP Argentina
- Tradução e adaptação AFP Brasil
Um perfil chamado Infodex publicou, em 7 de dezembro de 2025, uma lista de países supostamente ranqueados por seu “nível de racismo”. Desde então, mensagens que somam mais de 25 mil interações nas redes sociais alegam que essa pesquisa mostraria que a Argentina foi considerada o país “mais racista” da América do Sul. Mas o ranking referia-se aos países “menos racistas”, no qual a Argentina apareceu na 18ª posição.
“Argentina foi considerada o país mais RACISTA da América do Sul, segundo pesquisa do Infodex”, dizem as mensagens virais no X, no Instagram, no Facebook e no Threads.
Publicações semelhantes circulam em espanhol.
Pesquisas no Google e nas redes sociais por mais informações sobre o portal “Infodex” levaram a uma conta correspondente no X, que publica rankings e estatísticas sobre diversos temas, como política, cultura e estética. A página já publicou, por exemplo, uma lista com dados sobre a pobreza em países da Europa, assim como um ranking dos “10 atores mais bonitos do mundo”.
Não foi encontrado nenhum site institucional associado ao portal Infodex.
Uma consulta ao perfil no X não levou a nenhum ranking sobre países “mais racistas” da América do Sul, mas a uma lista dos “20 países menos racistas de 2025”, publicada em 7 de dezembro de 2025. Nela, a Argentina aparece na 18ª posição, à frente de Brasil e Estados Unidos.
A postagem cita como fontes o site de estatísticas demográficas World Population Review, um relatório sobre equidade racial do portal jornalístico U.S News e estatísticas da Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia (FRA).
Fontes não corroboram ranking do “Infodex”
Uma busca no portal do World Population Review pelas palavras-chave “países racistas”, em inglês, levou a um artigo intitulado: “Países menos racistas em 2025”, baseado em dados da U.S News. Na página, que afirma usar como base os dados do US News de 2024, a Argentina aparece na 22ª posição, e não na 18ª, como afirmou o Infodex. Na América do Sul, somente o Brasil está à frente (na 14ª posição).
Outros países sul-americanos figuram na sequência: Chile (24º); Colômbia (27º); Uruguai (31º); Peru (32º) e Equador (49º). O ranking não inclui Paraguai, Bolívia, Venezuela, Suriname e Guiana.
Uma nova pesquisa no Google com os termos “países racistas” e “US News” levou a uma matéria publicada em 2024 pelo portal em questão, mencionando o ranking da World Population Review. A reportagem informa que o material faz parte da pesquisa “Classificação Geral dos Melhores Países de 2024”, elaborada após uma enquete com “quase 17.000 pessoas de 36 países”.
Na seção de publicações e dados da agência FRA — ao filtrar por resultados referentes à igualdade, não discriminação e ao racismo —, foi possível chegar ao “Relatório sobre os Direitos Fundamentais”, publicado em 10 de junho de 2025. Trata-se de uma pesquisa abordando “acontecimentos relevantes específicos sobre os direitos fundamentais”, com as conclusões da entidade. O relatório não contém classificações de igualdade racial nem menciona a Argentina.
A FRA tampouco publica relatórios sobre direitos humanos na América do Sul. A agência informa, em seu site oficial, que “foi criada para ajudar a defender os direitos fundamentais de todas as pessoas que vivem na União Européia (UE), para assim fazer da Europa um lugar melhor para se viver e trabalhar”.
A AFP também não encontrou nenhuma publicação semelhante com um ranking dos “países mais racistas” da América do Sul.
Referências
Copyright © AFP 2017-2025. Qualquer uso comercial deste conteúdo requer uma assinatura. Clique aqui para saber mais.
