É de julho de 2025 reportagem da CNN sobre sanção dos EUA a autoridades brasileiras

  • Publicado em 23 de outubro de 2025 às 20:18
  • Atualizado em 23 de outubro de 2025 às 21:36
  • 2 minutos de leitura
  • Por AFP Brasil

O governo dos Estados Unidos anunciou em julho de 2025 a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e suspendeu o visto norte-americano de outros sete magistrados da Corte. Nesse contexto, posts visualizados mais de 70 mil vezes nas redes sociais desde 19 de outubro de 2025 compartilham uma reportagem da CNN Brasil com a afirmação de que o veículo noticia “mais retaliações” da administração de Donald Trump contra o Brasil, que seriam aplicadas “nesta semana”. Mas a matéria é de julho de 2025. 

“Bomba - novas sanções e Lei Magnitsky serão aplicadas essa semana aos ministros do STF” é a legenda de publicações que compartilham uma reportagem da CNN no Facebook, no Instagram, no X e no YouTube. Sobreposta ao vídeo, lê-se a frase: “Chumbo grosso chegando. Entorno de Lula e ministros devem ser sancionados nesta semana”.

Outras publicações sugerem que eventuais novas sanções visariam a primeira-dama, Rosângela Lula da Silva. 

Na gravação, o apresentador Marcio Gomes afirma: “Vem mais retaliação do governo Trump ao Brasil, e na semana que vem”. Na sequência, o jornalista Lourival Sant’Anna informa ter apurado que o governo Trump “tem um plano de curto e de médio prazo contra o governo brasileiro essa semana”, que atingiria “o entorno do presidente Lula”.

Image
Captura de tela feita em 21 de outubro de 2025 de uma publicação no YouTube (.)

Os posts sugerem uma nova onda de sanções após julho de 2025, quando o governo dos Estados Unidos anunciou a aplicação da Lei Magnitsky, mecanismo previsto na legislação norte-americana para punir unilateralmente supostos violadores de direitos humanos no exterior, contra o ministro do STF Alexandre de Moraes. Foram citadas como justificativa supostas “detenções arbitrárias” determinadas pelo magistrado, “com flagrantes negações de garantias de um julgamento justo e violações à liberdade de expressão”

Moraes foi relator do inquérito que investigou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados por tentativa de golpe de Estado para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após as eleições de 2022. 

Por 4 votos a 1, em setembro o Supremo condenou Bolsonaro e outros sete réus. O ex-mandatário, considerado “líder da organização criminosa” pela maioria dos votantes, teve pena fixada em 27 anos e três meses.

Mas a gravação viralizada não é atual. 

Uma busca no Google pelos termos “CNN”, “Trump” e “retaliações ao Brasil” exibiu o vídeo da reportagem da CNN Brasil no YouTube, publicado em 25 de julho de 2025 sob o título: “Trump avalia aplicar sanções contra o entorno de Lula”. 

Na ocasião, os jornalistas falavam sobre a possibilidade de o governo norte-americano impôr penalidades econômicas contra autoridades brasileiras com base na Lei Magnitsky. Na época, Washington havia suspendido os vistos norte-americanos de Alexandre de Moraes e de outros sete ministros do STF. 

Cinco dias depois da veiculação da reportagem, o ministro Alexandre de Moraes foi efetivamente sancionado com base nesse dispositivo legal. 

Em setembro, Viviane Barci de Moraes, esposa de Moraes, também foi sancionada. Até o momento de publicação desta verificação, ela é a última pessoa alvo das punições anunciadas pelos Estados Unidos.

Este conteúdo também foi verificado pelo Aos Fatos

Referências

Acrescenta menção a publicações que citam a primeira-dama no quarto parágrafo
23 de outubro de 2025 Acrescenta menção a publicações que citam a primeira-dama no quarto parágrafo

Há alguma informação que você gostaria que o serviço de checagem da AFP no Brasil verificasse?

Entre em contato conosco