
Vídeo de cidade destruída após terremoto em Mianmar foi criado com inteligência artificial
- Publicado em 8 de abril de 2025 às 15:00
- 3 minutos de leitura
- Por Lucille SODIPE, AFP Filipinas
- Tradução e adaptação AFP Brasil
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“Após terremoto ao menos 1.000 morreram em Myanmar na Ásia, de acordo com autoridades locais: O US Geological Survey estima que o número de mortos pode ultrapassar 10.000, de acordo com suas projeções”, afirmam publicações no Facebook, no Instagram, no Threads, no X, no TikTok, no Telegram e no Kwai.
O conteúdo também circulou em outros idiomas, como espanhol, inglês, russo, chinês, tailandês, coreano e hindi, acompanhado do vídeo mostrando a grande fissura supostamente no solo de Mianmar.

O terremoto de magnitude 7,7 causou a morte de mais de três mil pessoas, além de deixar cerca de cinco mil feridos e mais de 200 desaparecidos, segundo balanço do governo birmanês feito em 6 de abril de 2025.
O epicentro foi na região central de Mianmar, perto de Mandalay, a segunda cidade mais populosa do país, com cerca de 1,7 milhão de habitantes. Lá, os tremores reduziram casas e templos a escombros.
No entanto, o vídeo viral não mostra uma rua de Mianmar após o terremoto.
Uma busca reversa no Google feita com a captura de tela do vídeo levou a uma publicação no TikTok de 29 de março de 2025. As imagens, com o título “China earthquake” (terremoto na China, em português), mostram a marca d'água de outro usuário dessa rede social, “@the.360.report”.
Após procurar no perfil desse usuário, a AFP não encontrou o vídeo viral, mas observou que várias de suas publicações têm marca d'água da Runway, uma empresa norte-americana de tecnologia de inteligência artificial generativa, e da Minimax Hailuo AI, uma plataforma de geração de vídeo (1, 2).
Shu Hu, diretor do Laboratório de Aprendizagem de Máquina e Análise Forense de Mídia da Purdue University, nos Estados Unidos, disse à AFP em 30 de março de 2025 que, segundo sua análise, o vídeo foi gerado por inteligência artificial.
Para o especialista, o principal indício é que os indivíduos que aparecem nas imagens permanecem imóveis de forma não natural, enquanto o fogo visível à distância exibe um movimento realista. Ele explicou que essa inconsistência sugere fortemente uma síntese ou manipulação artificial.
Um jornalista da AFP que atua na cobertura das consequências do terremoto em Mianmar confirmou que não havia rachaduras nas ruas como visto no vídeo viral.

Uma busca reversa no Google com capturas de tela do vídeo viral não encontrou nenhum local de Mianmar ou outra região com correspondências visuais semelhantes às da sequência compartilhada. Pesquisas em birmano e inglês com as palavras-chave "rachadura, solo, terremoto" também não direcionaram para nenhuma notícia sobre o suposto acontecimento.