
Reino Unido não foi retirado do programa de isenção de visto dos EUA, que nunca incluiu nações africanas
- Publicado em 27 de março de 2025 às 20:19
- 5 minutos de leitura
- Por Samad UTHMAN, AFP Nigéria
- Tradução e adaptação Emilie BERAUD , AFP Afrique , AFP Brasil
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“Os Estados Unidos divulgaram a sua lista de países elegíveis para o Programa de Isenção de Vistos para 2025 e, mais uma vez, nenhuma nação africana foi selecionada. [...] A lista deste ano mantém-se praticamente inalterada, sendo a Roménia a única novidade. Entretanto, o Reino Unido não está incluído, mas mantém a elegibilidade sob condições específicas”, afirmam publicações compartilhadas no Facebook e no Instagram.
Postagens com alegações semelhantes também foram compartilhadas em francês e inglês.

Administrado pelo Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos, o Programa de Isenção de Visto (VWP, na sigla em inglês) permite que cidadãos de 43 países visitem, por até 90 dias, os estados norte-americanos sem que um visto seja solicitado.
Mas é enganoso que o Reino Unido e os países africanos tenham sido retirados por Trump do programa, uma vez que as nações da África nunca foram contempladas e o Reino Unido permanece na lista de Estado elegíveis.
Reino Unido incluso no Programa de Isenção de Visto
O objetivo do programa criado pelos Estados Unidos em 1986 é permitir que os cidadãos norte-americanos, em contrapartida, possam permanecer em países que se beneficiam do VWP sob as mesmas condições estabelecidas.
As publicações virais, por sua vez, afirmam que o Reino Unido “não está incluído [no programa], mas mantém a elegibilidade sob condições específicas”. No entanto, uma busca no site do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos mostra que o país continua na lista, sem qualquer restrição específica.

O Reino Unido compõe a lista das nações qualificadas para o programa desde 1988, dois anos após a sua criação, e foi um dos primeiros países a ser incluído.
Atualmente, os Estados contemplados para o Programa de Isenção de Visto são majoritariamente europeus, somados ao Japão, à Nova Zelândia e ao Chile.
Os países africanos, por sua vez, nem sequer estão na lista de nações que em algum momento foram elegíveis ao Programa de Isenção de Visto no passado, mas cujo acesso foi posteriormente suspenso.
Apenas dois Estados estão na lista de nações que foram excluídas dessa possibilidade: a Argentina, que era elegível para o programa em 1996, mas foi privada dele em 2002, e o Uruguai, adicionado à lista de países elegíveis em 1999 e removido dela em 2003.

Nenhum cidadão africano jamais se beneficiou dessa isenção de visto.
Os últimos países a entrarem na lista foram o Catar, em novembro de 2024, e a Romênia, que poderá se beneficiar desse sistema a partir de 31 de março de 2025.
De acordo com o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos, o país recebeu cerca de 18 milhões de viajantes beneficiados pelo Programa de Isenção de Visto em 2023, que contribuíram diariamente para a economia local com cerca de US$ 231 milhões (R$ 1,3 bilhão, de acordo com a conversão do Banco Central do Brasil em 27 de março de 2025).
Restrições de viagem para 43 países
Desde o seu retorno à Casa Branca, o mandatário dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou vários decretos presidenciais, alguns dos quais têm como objetivo restringir as políticas de migração e as condições para obter a cidadania norte-americana.
O Programa de Isenção de Visto não é um dos visados até o momento. Mas segundo o The New York Times, em um artigo publicado em 14 de março de 2025, o governo dos Estados Unidos está considerando impor severas restrições de entrada a viajantes de 43 países.
Citando autoridades que preferiram permanecer anônimas, o jornal disse que esses países seriam classificados em três categorias.
A categoria vermelha — países cujos cidadãos seriam completamente proibidos de entrar nos Estados Unidos — inclui Afeganistão, Butão, Cuba, Irã, Líbia, Coreia do Norte, Somália, Sudão, Síria, Venezuela e Iêmen.
Dez outros países — Belarus, Eritreia, Haiti, Laos, Mianmar, Paquistão, Rússia, Serra Leoa, Sudão do Sul e Turcomenistão — seriam classificados na categoria laranja e teriam seus vistos severamente restringidos.
Outros 22 países, que estariam na lista amarela, teriam 60 dias para responder às perguntas dos Estados Unidos ou correriam o risco de serem colocados em uma categoria mais restritiva. Autoridades entrevistadas pelo The New York Times disseram que “a lista foi elaborada pelo Departamento de Estado há várias semanas e é provável que haja mudanças antes que ela chegue à Casa Branca”.
Ao assumir o poder, Trump congelou o programa de admissão de refugiados nos Estados Unidos e quase toda a ajuda externa do país. Ele também pediu ao seu governo que identificasse os países cujos cidadãos deveriam ser proibidos de entrar nos Estados Unidos por motivos de segurança.
Durante seu mandato anterior, Trump assinou uma ordem executiva, em 2017, proibindo a entrada nos Estados Unidos de cidadãos de vários países predominantemente muçulmanos, incluindo a Síria, devastada pela guerra. Seu sucessor, o ex-presidente Joe Biden, suspendeu as restrições em 20 de janeiro de 2021.