Alegações de máquinas alterando votos durante eleições dos EUA no Arkansas são infundadas
- Publicado em 5 de novembro de 2024 às 20:47
- 3 minutos de leitura
- Por Rob LEVER, AFP Estados Unidos
- Tradução e adaptação AFP Brasil
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“Eleitores estão denunciando que algumas urnas eletrônicas, em Arkansas, NÃO PERMITEM que os eleitores selecionem o nome de Trump na hora de votar! Em vez disso, quando tocam em ‘Trump’, Kamala Harris acaba sendo selecionada”, diz uma mensagem compartilhada pela deputada federal Bia Kicis (PL-DF) no Facebook. O conteúdo também circula no Instagram, no Telegram e no X.
O mesmo vídeo circulou em inglês e em espanhol. Nos Estados Unidos, a deputada republicana Marjorie Taylor Greene também compartilhou a gravação.
O vídeo, de cerca de 18 segundos, parece mostrar uma criança acompanhando um adulto em uma cabine de votação e tentando votar em Trump, o primeiro nome listado na tela do equipamento, mas expressando surpresa quando o terceiro nome, Harris, é selecionado.
As alegações circulam em meio a diversas peças de desinformação relacionadas às eleições de 2024 nos Estados Unidos.
Não há evidências, porém, de que as máquinas de votação estejam alterando votos.
Como explicado anteriormente pelo AFP Checamos, urnas eletrônicas e máquinas de votação são usadas em alguns estados norte-americanos. No caso do Arkansas, os aparelhos são usados para preencher cédulas em papel com os votos, que depois são contabilizadas.
“Não presenciamos ou identificamos qualquer evidência de mau funcionamento ou alteração de votos. O dispositivo permite a revisão das escolhas [do eleitor] antes de ir para a próxima página da votação”, disse Chris Madison, diretor do Conselho Estadual de Comissários Eleitorais de Arkansas, em um e-mail à AFP em 4 de novembro.
“Há uma tela de revisão no final da votação onde são mostradas todas as seleções que o eleitor fez. Em seguida, há um lembrete antes de imprimir o boletim de voto para que o eleitor verifique se todas as seleções desejadas estão corretas. Então, o eleitor pode, e deve, revisar o registro impresso para assegurar que todas as suas escolhas estão refletidas nesse registro. Se esse registro impresso estiver incorreto, o eleitor pode solicitar a assistência de um funcionário eleitoral, o cartão de voto será descartado e o eleitor receberá um novo para recomeçar."
Madison disse à AFP que, no vídeo da criança na cabine de votação, “parece que uma parte do restante da mão tocou o terceiro nome”. Ele disse que a máquina “seleciona apenas um candidato”.
Madison também explicou o processo em uma demonstração para o jornal Arkansas Democrat-Gazette publicada no Youtube:
A empresa Election Systems & Software (ESS), que fornece as máquinas de votação vistas no vídeo, afirmou que os aparelhos possuem múltiplas garantias que permitem aos eleitores revisar suas escolhas.
“As máquinas de votação com telas touchscreen não invertem os votos. Mais comumente, os casos relatados resultam de um eleitor que não tocou a caixa de texto no lugar correto”, disse a porta-voz da empresa, Katina Granger.
“Casos reais confirmados de eleitores com problemas para tocar no local correto em uma tela são, na verdade, raros. Os eleitores podem selecionar e re-selecionar candidatos a qualquer momento antes de imprimir sua cédula”.
Granger acrescentou que “não existe nenhum cenário em que um eleitor seria forçado a depositar uma cédula que acredita não refletir as suas intenções”.
Em 2023, um juiz rejeitou uma ação contra o uso das máquinas da ESS, afirmando que elas oferecem ao eleitor a possibilidade de verificar suas escolhas de maneira privada.