Repatriação feita pelo Brasil no Oriente Médio trouxe mulheres e crianças, e não só homens
- Publicado em 31 de outubro de 2024 às 20:27
- Atualizado em 31 de outubro de 2024 às 20:32
- 5 minutos de leitura
- Por AFP Brasil
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“Ontem, 22/10/2024, chegou ao Brasil o ultimo avião com refugiados do Oriente Médio. Eram somente homens.*_*Até a data de ontem, haviam chegado 7 aviões de palestinos retirados da Faixa de Gaza pelo governo brasileiro, num total de 1.300 homens, sem mulheres ou crianças no grupo”, lê-se em um trecho da publicação que circula no Instagram, no Gettr, no X, no Threads e no Facebook.
Segundo as mensagens, isso seria um indício de que os passageiros seriam “guerrilheiros do Hamas” ou “terroristas palestinos”.
O conteúdo também foi enviado ao WhatsApp do AFP Checamos, para onde os usuários podem encaminhar mensagens vistas em redes sociais, caso duvidem de sua veracidade.
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O governo federal lançou em 3 de outubro de 2024 uma operação de repatriação para resgatar brasileiros e seus familiares do Líbano.
Antes do primeiro voo, a Polícia Federal (PF) verificou a lista de 3 mil interessados a fim de identificar impedimentos ou possíveis infiltrados do Hezbollah. Pelo menos duas pessoas foram vetadas pela PF.
A repatriação acontece em meio à intensificação de uma nova frente do conflito entre Israel e o movimento palestino Hamas, com bombardeios e incursões terrestres no Líbano. No país, o Exército israelense combate o Hezbollah, aliado do Hamas, que apoiou os ataques do grupo contra Israel em 7 de outubro de 2023.
Mas, diferentemente do que alegam as peças de desinformação, os voos de repatriação não trouxeram somente homens.
Prioridade: “crianças, mulheres, idosos e não residentes”
Uma busca no Google com os termos “repatriação brasileiros” e “22/10/2024”, data que aparece nas publicações, levou a uma notícia do Palácio do Planalto informando que nesse dia o sétimo voo da Operação Raízes do Cedro havia pousado em São Paulo.
Segundo a nota, a operação é realizada pelo Ministério das Relações Exteriores com o apoio militar das Forças Armadas Brasileiras (FAB) e o voo resgatou 82 brasileiros do Líbano, incluindo 11 crianças.
Na foto que ilustra o texto, é possível identificar mulheres e crianças desembarcando do avião.
“A prioridade de composição das listas leva em conta mulheres, crianças, idosos e brasileiros não residentes no Líbano. Levando em conta os cinco voos anteriores, chegaram ao Brasil 242 crianças (2 a 12 anos), 40 bebês (até dois anos), 138 idosos, 12 gestantes, 101 pessoas com problemas de saúde e 12 pessoas com deficiência”, informa a nota.
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Até a publicação desta checagem, nove voos da operação já repatriaram mais de 1.850 pessoas, sendo 281 crianças e 20 animais de estimação. Em todas as notas sobre esses voos, há imagens de mulheres e crianças desembarcando (1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9).
O andamento da operação também foi noticiado pela Força Aérea Brasileira (FAB) e por diferentes veículos de comunicação (1, 2).
A AFP reportou o primeiro voo da operação em 6 de outubro de 2024. Na ocasião, mulheres e crianças também foram fotografadas:
(AFP / NELSON ALMEIDA)
(AFP / NELSON ALMEIDA)
Faixa de Gaza
Embora mencione a data de chegada de um dos voos da operação Raízes do Cedro, relacionada ao Líbano, as peças de desinformação dizem que os voos teriam trazido “palestinos retirados da Faixa de Gaza”.
O governo brasileiro repatriou mais de 1.550 pessoas desse território, em uma outra operação iniciada em outubro de 2023, após os ataques do Hamas que deixaram cerca de 1.200 mortos em Israel, dando início à guerra que já ultrapassa um ano.
A operação, chamada Voltando em Paz, também teve mulheres e crianças como prioridades.
Em 2024, a AFP identificou apenas a repatriação de uma mãe e três filhos da Faixa de Gaza, no mês de fevereiro.
O AFP Checamos já verificou outras alegações relacionadas ao conflito no Oriente Médio.
Referências
- Notas do Planalto sobre a operação Raízes do Cedro (1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9)
- Nota da FAB
- Notícias da imprensa sobre a operação Raízes do Cedro (1, 2, 3)
- Notas do governo sobre operação Voltando em Paz (1, 2)
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