Governo federal não repassou mais de R$ 1 milhão para o grupo Flow
- Publicado em 2 de outubro de 2024 às 21:37
- 4 minutos de leitura
- Por AFP Brasil
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“FLOW RECEBEU MAIS DE 1MILHÃO REAIS DO GOVERNO FEDERAL AGORA ESTA EXPLICADO PORQUE PABLO MARÇAL FOI EXPULSO DO PROGRAMA PORQUE A ESQUERDA SEMPRE JOGANDO SUJO PAGANDO UM MONTE DE JORNALISTA VAGABUNDOS PARA PODER REPRIMIR SEUS ADVERSÁRIOS DA DIREITA E CONTANDO MENTIRAS AS NARRATIVAS DELES SEMPRE SÃO ESSAS”, lê-se no texto sobreposto a uma imagem que circula no Instagram, no Threads, no Kwai e no TikTok.
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O conteúdo começou a circular após o debate do Flow News, do grupo Estúdios Flow, com os candidatos à Prefeitura de São Paulo, em 23 de setembro de 2024. Na ocasião, o candidato Pablo Marçal foi expulso nos últimos dez segundos de sua fala, após descumprir as regras ao declarar que irá prender o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), caso seja eleito.
A expulsão foi acompanhada de uma confusão nos bastidores entre as equipes dos dois candidatos, momento em que um assessor de Marçal agrediu um marqueteiro de Nunes.
Após o debate, Marçal alegou que o Flow recebeu R$ 474 mil da Prefeitura de São Paulo, alegação desmentida pelo projeto de verificação coletiva Comprova, do qual a AFP faz parte.
Da mesma forma, é falso que o grupo Flow tenha recebido recursos do governo federal.
Flow não recebeu recursos federais
Uma consulta no portal Redesim do governo federal, onde é possível acessar dados de empresas, com o termo “Estudios Flow” retornou com o número de CNPJ e a razão social do grupo.
Com esses dados foi possível realizar consultas no Portal da Transparência do governo federal, plataforma que reúne informações sobre despesas públicas.
Uma primeira pesquisa somente pelo termo “Flow” levou a diversos resultados de empresas que contêm essa palavra no nome, mas nenhum com o termo “Estudios Flow”.
Outra consulta com as palavras “Estudios Flow” levou a dois resultados de prestação de contas de viagens de funcionários públicos. Enquanto um resultado apenas contém as palavras “Estudios” e “Flow” separadamente, o outro detalha uma viagem de um funcionário para uma entrevista a um podcast do grupo.
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Contudo, a busca com o CNPJ dos Estúdios Flow na mesma aba não levou a resultados de contratos ativos ou antigos, nem a registros de recursos já transferidos pelo governo federal à empresa.
Outras pesquisas com os dados da empresa nas abas Recursos Transferidos, Contratos e Pessoas Jurídicas do Portal da Transparência tampouco resultaram em registros de repasses federais.
Em e-mail enviado à AFP em 27 de setembro de 2024, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos confirmou que o governo federal não repassou recursos para a empresa.
“Em pesquisa no Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores (SICAF) não foi localizado cadastro do CNPJ informado, o que demonstra que a empresa não tem cadastro no sistema de Compras do Governo Federal. Além disso, não foram encontrados na base de dados quaisquer propostas, resultados de compras, assim como também não foi identificado contrato no Portal da Transparência”, declarou a nota.
A assessoria do grupo Flow afirmou à AFP que a alegação é “completamente infundada” e que a empresa “nunca teve contrato ou recebeu verba do Governo Federal”.
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