Imagens de axolotes gigantes não foram registradas por “pescadores papuanos”, mas geradas com IA
- Publicado em 27 de setembro de 2024 às 22:43
- 3 minutos de leitura
- Por Pasika KHERNAMNUOY, AFP Tailândia, AFP México
- Tradução e adaptação AFP Brasil
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“Pescadores papuanos pegam animais que nunca foram vistos antes”, diz a legenda de publicações no Facebook, no Instagram e no Threads.
O conteúdo também circula em espanhol, inglês, francês, tailandês, indonésio, vietnamita e turco.
As publicações exibem três imagens de uma criatura que se parece com um enorme axolote, um anfíbio endêmico originário do centro do México.
Uma busca reversa das imagens no Google Lens levou a uma postagem em inglês, publicada em 4 de agosto de 2024 no Facebook, na página Astral Infernum Productions. Na publicação, o perfil afirma ser o autor das imagens, mas esclarece que elas foram criadas por inteligência artificial: “Parece que meus axolotes causaram grande alvoroço, estou vendo eles em páginas por toda parte. Acima vai uma captura de tela para mostrar que eles não são reais e que foram feitos com IA”.
Uma nova pesquisa na página exibiu a publicação original, compartilhada em 22 de julho de 2024, onde é possível ver as imagens virais.
Em sua descrição, a página Astral Infernum Productions informa se dedicar à “construção de mundos e produção de filmes assistidos por IA”.
Uma outra consulta nas contas de Facebook e YouTube da Astral Infernum Productions levou a vídeos (1, 2) que mostram a criatura viralizada, publicados em 3 de agosto de 2024.
Inconsistências visuais
Consultado pela AFP, Shu Hu, diretor do Laboratório de Aprendizado de Máquina e Perícia de Mídia da Universidade Purdue, nos Estados Unidos, assinalou que as imagens apresentavam sinais evidentes do uso de inteligência artificial. “É claro que todas as imagens são falsas”, afirmou em 10 de setembro de 2024.
O especialista apontou inconsistências visuais nos registros, como o fato da criatura possuir pernas e dedos com traços semelhantes aos humanos, assim como número diferente de dedos de cada lado, guelras assimétricas e uma perna que desaparece.
As publicações não especificam a qual nacionalidade ou origem se referem ao citar “pescadores papuanos”, poderiam ser trabalhadores da Papua-Nova Guiné ou da província de Papua, na Indonésia, mas os axolotes não são nativos de nenhum desses países.
Esses anfíbios, que podem chegar a 30 centímetros de comprimento, são endêmicos dos lagos e canais do centro do México. São consideradas espécies ameaçadas de extinção.