Governo enviou bombeiros brasileiros à Bolívia para combater fogo na fronteira e proteger Pantanal
- Publicado em 18 de setembro de 2024 às 23:16
- 4 minutos de leitura
- Por AFP Brasil
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“É isso mesmo que você LEU! O Brasil em chamas, e o Lula envia bombeiros para combater incêndios na...BOLÍVIA!”, diz a legenda de publicações no Instagram, no Facebook, no Threads, no Bluesky, no Kwai e no X*.
Alegações similares (1, 2) circulam com uma foto do mapa do Brasil em chamas.
Os conteúdos também foram compartilhados pela deputada federal Silvia Waiapi (PL-AL) e pelo deputado estadual Gil Diniz (PL-SP).
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As publicações começaram a circular em meio às críticas da oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo enfrentamento aos incêndios que atingem os biomas Pantanal, Amazônia e Cerrado, além de diferentes estados do país.
Em uma delas, uma foto de Lula aparece junto às manchetes: “Brasil tem cerca de 60% de seu território coberto por fumaça das queimadas”, da revista Carta Capital, e “Lula envia bombeiros para combater incêndios na Bolívia”, da revista Veja. No canto inferior da imagem lê-se o escrito “Salvem o Brasil”.
Uma busca por esses títulos no Google levou a notícias publicadas em 9 de setembro de 2024. A reportagem da Carta Capital detalha que o Brasil possui uma extensão de quase 5 milhões de quilômetros quadrados cobertos por fumaça devido às queimadas.
Já a notícia da Veja informa sobre uma autorização de Lula ao envio de uma missão humanitária com 62 bombeiros brasileiros à Bolívia para combater incêndios na faixa de fronteira. A ação, segundo o texto, é coordenada pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE).
Risco para o Pantanal brasileiro
Uma busca no site do MRE pelo termo “Bolívia” levou a uma nota da pasta, publicada em 7 de setembro de 2024, em que se detalha o envio do grupo brasileiro para o país vizinho.
De acordo com o texto, a ação, coordenada junto às autoridades bolivianas, tem como objetivo combater incêndios na faixa da fronteira com os estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, que ameaçam atingir o Pantanal brasileiro: “Além de contribuir para combater os incêndios no lado boliviano da fronteira, a missão conjunta terá caráter preventivo, para evitar que novos focos de incêndio atinjam o território brasileiro”.
O ministério também informa que as autoridades brasileiras atuam nesses estados desde junho e que, dos 112 incêndios registrados na região do Pantanal, 18 focos estavam ativos e 23 controlados, até a publicação da nota.
Um vídeo publicado no canal do governo brasileiro no YouTube sobre o envio dos bombeiros acrescenta que a Bolívia sofre com grandes incêndios que ameaçam a Serra do Amolar, no Pantanal, e podem chegar à aldeia indígena Guató, no Mato Grosso do Sul. Rondônia também é apontada como um dos estados ameaçados pelo fogo.
Assim como o Brasil, o país vizinho também enfrenta um período com alta de incêndios florestais, o que resultou na declaração de estado de emergência nacional.
Estratégia comum
Alexandre França Tetto, professor especialista em incêndios florestais e responsável pelo Laboratório de Incêndios Florestais (Firelab) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), afirmou à AFP que a cooperação entre países tanto para combates quanto para prevenção de incêndios florestais é uma estratégia comum para minimizar as consequências, principalmente quando há incêndios extensos.
O fogo não tem fronteira. Da mesma forma, a vegetação e a biodiversidade não têm. Então, se a gente está trabalhando em um incêndio que é na fronteira, muito da vegetação, dos animais e da água podem sofrer os efeitos desses incêndios. Além do ar atmosférico, que a gente tem sentido ultimamente
Esse conteúdo também foi checado por Aos Fatos e Estadão Verifica.
O AFP Checamos já verificou outros conteúdos relacionados aos incêndios de 2024.
* As publicações do X foram acessadas por integrantes da AFP localizados fora do Brasil devido à suspensão da plataforma no país.