Vídeo publicitário gerado com IA não tem relação com boicote à Zara devido ao conflito Israel-Hamas
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- Publicado em 29 de dezembro de 2023 às 22:24
- Atualizado em 26 de abril de 2024 às 21:13
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- Por AFP Estados Unidos, AFP Brasil
- Tradução e adaptação Nahiara S. ALONSO
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“Depois que Zara fez um anúncio desrespeitoso sobre o conflito Gaza, Americanos estão jogando fora todas as suas roupas da Zara na frente da empresa”, diz a legenda de publicações no Facebook, no Telegram e no X.
O conteúdo também circula em inglês, francês, espanhol e tailandês.
No dia 12 de dezembro de 2023, a marca do grupo Inditex, Zara, anunciou em comunicado a retirada de uma campanha publicitária que tinha gerado apelos ao boicote da marca, acusada nas redes sociais de se inspirar em imagens de vítimas na Faixa de Gaza, no contexto do conflito Israel-Hamas, que teve início em 7 de outubro de 2023.
Na campanha, uma modelo aparecia entre escombros com um manequim coberto com um tecido branco. Com a divulgação da imagem, usuários nas redes sociais pediram um boicote à marca pelas semelhanças entre a propaganda e registros de vítimas em Gaza.
A campanha aérea e terrestre de Israel em Gaza foi desencadeada por um ataque sem precedentes do Hamas contra Israel, que deixou quase 1.140 mortos, a maioria civis. Quase 250 pessoas foram feitas reféns, segundo as autoridades israelenses. Atualmente, 129 reféns permanecem retidos em Gaza.
O Ministério da Saúde do Hamas, que governa o território palestino, afirma que mais de 20 mil pessoas, a maioria mulheres e menores de idade, morreram na ofensiva de Israel, destinada à destruição do Hamas.
Segundo a Zara, as fotografias da campanha com os manequins cobertos foram feitas em setembro, antes da escalada do conflito no Oriente Médio, e as figuras pretendiam representar esculturas inacabadas.
“Infelizmente, alguns clientes ficaram ofendidos com estas imagens, agora removidas, e viram nelas algo distante do que se pretendia quando foram criadas”, afirmou a empresa em um comunicado publicado em 12 de dezembro.
Mas o vídeo viral não mostra um protesto realizado nesse contexto.
Uma campanha de IA contra o fast fashion
Na sequência de imagens compartilhadas nas redes há elementos que remetem aos letreiros da Times Square, localizada em Nova York. São exibidas lojas de roupas – como Zara, GAP ou Uniqlo – e na frente delas há pilhas de roupas, que parecem cair do céu.
Uma pesquisa reversa no Google por frames do vídeo mostrou que, na verdade, as imagens são de uma campanha da plataforma francesa Vestiaire Collective, publicada em 16 de novembro de 2023 no Instagram e TikTok.
“Com 92 milhões de toneladas de têxteis enviadas para aterros todos os anos, agora é o momento de agir. É por isso que, a partir de hoje, banimos outras 30 marcas de fast fashion do Vestiaire Collective, incluindo Zara, H&M, GAP, Abercrombie & Fitch, Mango, Urban Outfitters e Uniqlo”, lê-se na legenda do vídeo da loja, especializada na venda de moda de luxo em segunda mão.
@vestiairecollective With 92 million tons of textiles sent to landfill every year, now’s the time to act. That’s why, from today, we’re banning another 30 fast fashion brands from Vestiaire Collective, including Zara, H&M, Gap, Abercrombie & Fitch, Mango, Urban Outfitters, and Uniqlo. Ready to join the movement? #thinkfirstbuysecond♬ original sound - Vestiaire Collective
A porta-voz do Vestiaire Collective, Marie Tobaly, explicou à AFP em 13 de dezembro que o vídeo foi criado por uma agência francesa especializada em inteligência artificial.
Além disso, destacou que o clipe foi lançado no dia 16 de novembro, “quase um mês” antes dos anúncios da Zara, como parte da iniciativa da empresa contra o fast fashion e o desperdício.
Referências
- Vídeo do Coletivo Vestiaire no Instagram e TikTok
- Campanha Coletiva Vestiaire
26 de abril de 2024 Atualiza metadados