O parlamento da Argélia não aprovou que o presidente do país declare guerra contra Israel
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- Publicado em 1 de dezembro de 2023 às 20:37
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- Por AFP Estados Unidos, AFP França, AFP Peru, AFP Brasil
- Tradução e adaptação Carla DIAZ
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“O Congresso da Argélia aprovou por unanimidade uma declaração de guerra contra Israel”, diz a legenda de um vídeo publicado no Facebook, no Instagram e no X (antes Twitter).
Na sequência, é possível ver pessoas reunidas em um ambiente interno segurando cartazes com as bandeiras da Argélia e dos territórios palestinos.
A alegação também é compartilhada sem a gravação viral em publicações no TikTok, no Kwai e no YouTube, além de circular em francês, inglês e espanhol.
A filmagem é divulgada em meio a guerra entre Israel e o Hamas que já ceifou milhares de vidas desde 7 de outubro, quando o movimento islamista palestino lançou um ataque contra o Estado israelense no qual 1.200 pessoas foram mortas e 240 sequestradas, de acordo com autoridades israelenses.
Desde então, a ofensiva israelense contra a Faixa de Gaza matou mais de 15 mil pessoas, a maioria civis, de acordo com o Ministério da Saúde do território palestino governado pelo Hamas.
No entanto, ao contrário do que alegam as publicações, o parlamento argelino não autorizou o presidente do país, Abdelmadjid Tebboune, a declarar guerra a Israel.
Sessão pública sobre a guerra
Por meio de pesquisa de imagem reversa, a AFP identificou um logotipo correspondente ao canal argelino Ennahar no canto direito da gravação das publicações virais.
Uma busca no canal do YouTube da emissora permitiu encontrar o mesmo vídeo, publicado em 31 de outubro de 2023, com o título em árabe: "Cenas arrepiantes.... Parlamentares gritando: 'O Exército do Povo está com você, Gaza'".
Na página oficial do Facebook da Assembleia Nacional Popular (APN) da Argélia, o vídeo foi localizado em uma postagem de 31 de outubro, intitulada: "Transmissão ao vivo de uma sessão pública extraordinária sobre os perigosos desdobramentos da agressão brutal contra a Palestina ocupada".
Na mesma plataforma, o parlamento argelino publicou uma declaração final sobre o que foi acordado na sessão extraordinária. Os legisladores saudaram a posição do presidente Abdelmadjid Tebboune, "ao condenar a ocupação [dos territórios palestinos]", e agradeceram ao ministro das Relações Exteriores por suas atividades diplomáticas.
O documento também pede aos órgãos parlamentares, regionais e internacionais que "se mobilizem para enviar ajuda humanitária e participem da formação de delegações parlamentares" em Gaza.
Os parlamentares encerraram o comunicado indicando que ofereceram "solidariedade e apoio ao povo palestino, seguindo os passos da liderança sênior do país, que tomou a iniciativa de enviar ajuda urgente" a Gaza.
A declaração também pode ser encontrada no site da APN. O documento oficial inclui sete pontos, nenhum deles indica o início de um conflito contra Israel e não há menção sobre permitir que o presidente argelino declare guerra.
Uma possível declaração de guerra também não consta no relatório da assembleia sobre a sessão de 31 de outubro.
Além disso, matérias sobre a sessão publicadas pela imprensa argelina (1, 2, 3) não citam uma suposta autorização para o presidente Tebboune entrar em guerra contra Israel.
Referências:
- Vídeo publicado em 31 de outubro de 2023 no canal Ennahar
- Vídeo da sessão extraordinária da Assembleia Popular Nacional da Argélia
- Ata final da sessão extraordinária no Facebook e no site da APN (1, 2)
- Reportagens da mídia argelina (1, 2)