Dino não pediu foto nem disse ser fã de esposa de integrante do Comando Vermelho em vídeo

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  • Publicado em 17 de novembro de 2023 às 20:44
  • Atualizado em 17 de novembro de 2023 às 20:51
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  • Por AFP Brasil
Em novembro de 2023, a imprensa nacional noticiou que assessores do Ministério da Justiça e Segurança Pública receberam a esposa de um integrante da organização criminosa Comando Vermelho do Amazonas para reuniões. Nesse contexto, usuários visualizaram mais de 300 mil vezes um vídeo em que o chefe da pasta, Flávio Dino, supostamente encontra a “primeira-dama do CV” e diz ser seu fã. Contudo, a mulher que aparece no registro é a humorista Virgínia Álvares, que se encontrou com Dino em julho de 2023.

“Brasil: Ministro da justiça Flávio Dino diz ser fã de ‘primeira dama’ do CV em vídeo que circula nas redes sociais nesta terça (14)”, aponta o texto sobreposto ao vídeo compartilhado no Instagram, no Facebook, no Kwai, no TikTok e no X (antes Twitter).

O conteúdo também foi enviado ao WhatsApp do AFP Checamos, para onde os usuários podem encaminhar conteúdos vistos em redes sociais, se duvidarem de sua veracidade.

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Captura de tela feita em 14 de novembro de 2023 de uma publicação no X ( .)

Na gravação, o ministro Flávio Dino posa para uma foto ao lado de uma mulher loira no que parece ser o Palácio do Planalto. Em determinado momento, enquanto a abraça, diz “sou seu fã, lhe conheço”.

O vídeo começou a circular um dia após a imprensa noticiar (1, 2, 3) que assessores do Ministério da Justiça receberam uma comitiva da Associação Instituto Liberdade do Amazonas, entidade voltada ao sistema prisional. Foi noticiado, então, que a presidente da entidade, Luciane Barbosa Farias, é esposa do suposto líder do Comando Vermelho do Amazonas e esteve presente nas reuniões com os assessores.

Com a repercussão, o Secretário de Assuntos Legislativos da pasta, Elias Vaz, confirmou que Luciene esteve presente em uma reunião acompanhando uma entidade de advogados.

Ao jornal O Estado de S. Paulo, a assessoria da pasta disse que “era impossível a detecção prévia da situação de uma acompanhante, uma vez que a solicitante da audiência era uma entidade de advogados, e não a cidadã mencionada no pedido de nota”.

Flávio Dino, por sua vez, se manifestou nas redes sociais afirmando nunca ter recebido “em audiência no Ministério da Justiça, líder de facção criminosa, ou esposa, ou parente, ou vizinho”.

O vídeo viral é compartilhado como se fosse a prova de que o ministro teria, sim, se encontrado com a presidente da associação.

Mas, diferentemente do que apontam as peças de desinformação, a mulher que aparece nas imagens não é Luciane.

Uma busca reversa por fragmentos da sequência levou a um vídeo publicado em um canal do YouTube apontando que a mulher que aparece na imagem é a humorista Viví Álvares.

Outra busca, dessa vez no perfil da humorista no Instagram, levou a vídeos publicados em julho de 2023 (1, 2, 3, 4) em que ela relata ter se encontrado com Dino ao visitar o Palácio do Planalto. Além do vídeo compartilhado nas postagens virais, as publicações da humorista são ilustradas com uma foto do encontro e com outras gravações do mesmo dia, nas quais é possível ouvi-la conversando com o ministro.

As peças de desinformação são compartilhadas com a marca d’água de uma conta do Kwai. Com base nessa informação, foi possível identificar que o vídeo nessa plataforma também foi publicado em julho deste ano e faz referência à humorista com o texto “Vi minha querida” sobreposto às imagens.

Ao AFP Checamos, a assessoria do Ministério da Justiça e Segurança Pública confirmou que a mulher vista na sequência é a humorista Virgínia e compartilhou um dos vídeos publicados por ela em seu perfil no Instagram.

No mesmo dia em que as peças de desinformação começaram a circular, a humorista se pronunciou afirmando que estava sendo associada incorretamente ao crime organizado. Nos dias subsequentes, a humorista fez novas publicações desmentindo a alegação viral (1, 2).

Outros conteúdos sobre o ministro Flávio Dino já foram verificados pelo AFP Checamos (1, 2, 3, 4).

Essa alegação também foi checada pela Agência Lupa, pelo Aos Fatos e pelo Estadão Verifica.

Referências

17 de novembro de 2023 Atualiza título

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