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Flávio Dino não disse que cloroquina pode ser receitada em 2023; vídeo viral é de maio de 2020
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- Publicado em 7 de março de 2023 às 18:30
- 3 minutos de leitura
- Por AFP Brasil
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“Ueee, agora já pode usar remédios preventivos contra a COVID? É muita canalhice dessa raça ruim desgraçad@!!! Depois de deixarem morrer milhões pelo não uso - era Bolsonaro-, agora tá liberado!!! Fdp. Hão de pagar por tudo!”, diz a legenda do vídeo que circula no Twitter, no Facebook, no Instagram, no TikTok e no Telegram desde 1º de março de 2023.
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No vídeo viral, um jornalista pergunta a Dino sobre o uso da cloroquina “em meio à polêmica nacional em relação à prescrição do medicamento”.
Ele responde: “Polêmica totalmente desnecessária, porque desde o mês de março eu afirmo e reitero que a cloroquina pode ser receitada pelos médicos. Nós sempre oferecemos aos médicos a oportunidade de receitar cloroquina, azitromicina, ivermectina”.
Mas Flávio Dino deu a declaração em outro momento da pandemia, quando diretrizes para o tratamento com esse medicamento ainda eram consideradas.
Início da pandemia
O logotipo localizado no canto inferior esquerdo do vídeo remete aos jornais locais da TV Globo. Uma busca pelo nome do ministro com “pandemia” no Globoplay, plataforma de streaming da emissora, levou a uma entrevista de sete minutos transmitida em 18 e em 19 de maio de 2020 no JMTV 2ª edição e no Bom Dia Mirante, ambos do Maranhão.
Isso se explica pelo fato de que quando comentou sobre a possibilidade de médicos receitarem cloroquina para pacientes com covid-19, Dino ainda era governador do estado. Ele foi reeleito em 2018 para cumprir mais quatro anos no cargo.
Além da data e do jornal, há outros elementos que permitem confirmar que a entrevista não é de 2023, como o crédito de “governador do Maranhão” e a bandeira do estado ao fundo.
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Em 25 de março de 2020, um mês após a confirmação do primeiro caso de covid-19 no Brasil, o Ministério da Saúde autorizou o uso da cloroquina para casos graves da doença.
Em maio, mês em que Dino falou sobre o medicamento, a pasta divulgou diretrizes para o tratamento com cloroquina e hidroxicloroquina.
Informes diários de evidências sobre a covid-19 no período também citavam a cloroquina.
Com novos estudos, entidades reguladoras ao redor do mundo passaram a contraindicar o medicamento. Foi o caso da Agência Europeia de Avaliação de Medicamentos (EMA) e da Agência de Medicamentos e Alimentos dos Estados Unidos (FDA) dos Estados Unidos.
Em julho de 2020, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) passou a proibir a venda sem receita da cloroquina e de outros medicamentos do chamado tratamento precoce. O site da estatal Agência Brasil, que divulgou a notícia, destacou à época: “Ainda segundo a Anvisa, o objetivo da norma é impedir a compra indiscriminada de medicamentos que têm sido amplamente divulgados como potencialmente benéficos no combate à infecção pelo novo coronavírus”.