Discurso de Lula foi tirado de contexto para parecer que chamou pobres de descartáveis
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- Publicado em 18 de julho de 2022 às 22:31
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- Por AFP Brasil
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“O pobre é um número. Às vezes um número bonito para se utilizar em campanha. Eu, há vinte anos atrás, dizia: ‘pobre é utilizado como se fosse papel higiênico. Ah, tem uma baita de uma utilidade na época da eleição, mas depois joga ele fora e esquece’”, diz Lula no vídeo, que circula no Facebook (1, 2, 3), Kwai (1, 2, 3), TikTok (1, 2), Twitter (1, 2) e YouTube (1, 2).
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O registro foi compartilhado ainda por políticos, como o vereador Carlos Bolsonaro e a deputada federal Carla Zambelli.
Mas o trecho, de cerca de 20 segundos, foi tirado de contexto.
Buscas reversas na ferramenta Yandex levaram a um vídeo publicado no YouTube por um canal de apoio a Lula em 19 de outubro de 2021 com o título: “Discurso Histórico De Lula Em 2021!! Dia Mundial Contra A Fome!”.
Uma nova pesquisa, dessa vez por palavras-chave e incluindo termos relativos ao Dia Mundial da Alimentação — 16 de outubro — e ao nome do ex-presidente, permitiu encontrar o discurso na íntegra, publicado em seu canal oficial.
A fala ocorreu durante o Encontro dos Movimentos Sociais do Campo, das Florestas e das Águas, em 14 de outubro de 2021.
Ao assistir ao vídeo completo, de 42 minutos, percebe-se que Lula fazia críticas ao tratamento dado pela classe política à população de baixa renda em comparação com aquele dado a pessoas ricas e instituições.
Em seguida, de forma metafórica, o ex-presidente afirmou que os pobres são usados “como papel higiênico” — úteis somente durante as eleições e depois, descartados.
A partir dos 33 minutos do registro, ele afirma:
“Eu estava vendo no orçamento, Gleisi [Hoffman, presidente nacional do PT e deputada federal]...você, que é especialista no orçamento, me parece que nesse orçamento agora tem R$ 245 bilhões de subsídios para os ricos. E quanto tem para os pobres? Não, o pobre não pode ter porque o pobre é gasto. Você não pode ter o Fies porque você não pode fazer dívida para garantir que uma filha de um trabalhador possa estudar na universidade. Isto é gasto! Não, isso é investimento!”, ressalta, se posicionando de forma contrária à perspectiva de que pessoas pobres são “gastos”.
Ele continua: “Nenhum presidente, de nenhum país do mundo, se esquece do orçamento das Forças Armadas, (...) do Itamaraty, do orçamento do Ministério Público (...). Mas se esquece de colocar o pobre no orçamento. Porque o pobre não é levado em conta. O pobre é um número. Às vezes um número bonito para se utilizar em campanha. Eu, há vinte anos atrás, dizia: ‘pobre é utilizado como se fosse papel higiênico. Ah, tem uma baita de uma utilidade na época da eleição, mas depois joga ele fora e esquece”.
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