
Publicações alegam falsamente que Trump baniu vacinas de mRNA contra covid-19
- Publicado em 14 de março de 2025 às 22:09
- 3 minutos de leitura
- Por Samad UTHMAN, AFP Nigéria
- Tradução e adaptação AFP Brasil
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“ÚLTIMAS NOTÍCIAS: TRUMP CONTRA-ATACA — PENA DE MORTE PARA CRIMES DE mRNA AGORA ESTÁ NA MESA!”, diz o conteúdo que circula no Facebook e no Threads.
“Trump PROIBIU todas as vacinas de mRNA, emitiu ordens para PRISÕES EM MASSA e está preparando TRIBUNAIS MILITARES para os criminosos por trás da pandemia. Bill Gates, Fauci, CEOs da Big Pharma — seus dias estão contados. A PENA DE MORTE agora está em jogo para crimes contra a humanidade”, continua o texto, que circula também em inglês e francês.

A Fundação de Bill Gates contribuiu para programas de desenvolvimento de vacinas em todo o mundo. Já Anthony Fauci, também citado no texto viral, foi uma importante autoridade de saúde que liderou a campanha dos Estados Unidos contra a covid-19 e se aposentou em 2022.
Sem proibição
Trump elogiou publicamente as vacinas de mRNA contra a covid-19 quando elas foram desenvolvidas no final de seu primeiro mandato.
Até o momento, a segunda administração de Trump não fez nenhum anúncio proibindo as vacinas da covid-19, sejam elas de mRNA ou de outros tipos.
A AFP analisou as ordens executivas de Trump e não encontrou nenhuma proibindo as vacinas de mRNA nem punindo seus fabricantes ou defensores.
No entanto, o republicano emitiu ordens relacionadas à obrigatoriedade das vacinas.
Em 27 de janeiro de 2025, Trump assinou uma ordem executiva reintegrando membros das forças armadas que haviam sido dispensados por se recusarem a tomar vacinas contra a covid-19. Em 15 de fevereiro de 2025, ele também assinou uma ordem executiva proibindo instituições educacionais de exigirem vacinas contra a covid-19 de seus alunos.
“Não, Trump não baniu as vacinas de mRNA. A FDA [Agência de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos] ainda as mantém licenciadas e também as tem sob autorização de uso emergencial”, disse Dorit Reiss, professora da Faculdade de Direito da Universidade da Califórnia, em São Francisco, cuja pesquisa se concentra em questões legais e políticas relacionadas a vacinas.
Reiss disse à AFP em 13 de março de 2025 que não há nenhum projeto de lei criminalizando o uso da vacina contra a covid-19 no Congresso dos Estados Unidos, acrescentando que "para tornar o uso da vacina uma infração criminal, o Congresso teria que aprovar uma lei, e o presidente Trump teria que assiná-la".
A AFP também entrou em contato com a Pfizer, que desenvolveu a vacina de mRNA contra covid-19 junto à BioNTech comercialmente chamada de Comirnaty.
“Autoridades regulatórias ao redor do mundo autorizaram a vacina Pfizer-BioNTech contra a covid-19, e comitês médicos especialistas recomendaram e seguem recomendando seu uso”, disse a Pfizer à AFP em 5 de março de 2025.
O termo “mRNA” é uma abreviação de “RNA mensageiro”. Vacinas que usam essa tecnologia diferem dos imunizantes tradicionais: ao invés de injetar formas enfraquecidas ou mortas de um vírus, fazendo com que o sistema imunológico o reconheça e crie anticorpos, as vacinas de mRNA entregam instruções às células para construir uma parte inofensiva da "proteína spike" encontrada na superfície do vírus que causa a covid-19. Depois de criar essa proteína spike, as células podem reconhecer e combater o vírus real.